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O tropeço de Merkel

As bolsas europeias despencaram ontem para um nível que não viam há mais de quatro anos.

A instabilidade na zona do euro é tal que, além do continuado impasse político na Grécia, incapaz de formar um governo, até eleições estaduais na Alemanha contribuíram para a turbulência.

Uma semana após a vitória socialista na França, estaria também o bastião europeu da austeridade financeira rumando para uma reviravolta política e uma revisão das medidas duras contra a crise? A resposta é "não" -por enquanto.

Foi a 11ª derrota do partido da chanceler (premiê) democrata-cristã Angela Merkel em pleitos regionais. O Estado da Renânia do Norte-Vestfália reúne a maior população do país e um quinto do PIB alemão -o equivalente a uma Turquia. Continuará governado por uma aliança entre sociais-democratas (SPD) e verdes (Die Grünen).

O CDU de Merkel amargou perda de oito pontos percentuais na eleição regional, caindo a 26% (contra 50% da coalizão rubro-verde).

O grande derrotado foi Norbert Röttgen, ministro federal do Ambiente que se candidatou para governar aquele Estado. Röttgen quis fazer do pleito um referendo sobre a política de disciplina nos gastos públicos que Merkel lidera com mão de ferro tanto na Alemanha quanto na eurozona. Deu-se mal.

Os eleitores preferiram Hannelore Kraft (SPD), que já governava o Estado, ainda que à frente de um gabinete minoritário e instável (governos regionais são parlamentaristas, na Alemanha). Sua coalizão conta agora com a maioria para implantar o que chama de gastos sociais preventivos, por exemplo com crianças desfavorecidas.

A derrota regional do CDU não se traduz, no entanto, como um voto inequívoco contra a austeridade nas contas do governo, no plano federal, e a favor de gastos estatais para fomentar o crescimento.

A economia alemã exibe um dos melhores desempenhos na zona do euro, com desemprego na casa de 7% (contra 24% na Espanha, uma das nações europeias em maior dificuldade). Mais da metade dos alemães considera boa sua presente situação econômica.

Merkel prossegue na liderança de popularidade em seu país, mas o prognóstico para a eleição do segundo semestre de 2013 ainda é incerto. Se a votação fosse hoje, nem a sua coalizão com os liberais (FDP) nem a do SPD com os verdes teria maioria para formar um governo.

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