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Editoriais Copa atrasada Reportagem publicada por esta Folha acerca dos preparativos para a Copa do Mundo de 2014 fez o que o Ministério do Esporte tem evitado fazer: apresentar ao país uma avaliação mais clara e objetiva do andamento das obras nas 12 cidades que receberão o evento. De acordo com estudo encomendado a consultores pela Fifa e pelo Comitê Organizador Local (COL) -obtido com exclusividade pelo jornal-, há possibilidade de atraso na construção de cinco estádios. O caso mais grave é o de Natal, que correria "alto risco" de não estar pronto a tempo para o Mundial. Também preocupam as arenas de Manaus e Cuiabá, situações consideradas de "médio risco". Embora não se afastem problemas em Curitiba e Porto Alegre, a possibilidade de fiasco nessas cidades é menor. Causa mais apreensão o ritmo das obras com vistas à Copa das Confederações, que se realiza no ano que vem em seis cidades e serve como teste para 2014. O levantamento estima que os estádios de Brasília, Rio, Belo Horizonte e Recife podem não ser concluídos para a competição. O relatório menciona, ainda, o "excesso de politização" e a burocracia do país como obstáculos à organização do evento. A primeira queixa deve ser vista com cautela, dado que o ideal para a Fifa é que Congresso, sociedade e governos acatem seus planos sem questionar. Já os entraves burocráticos são, de fato, uma especialidade nacional. Por fim, o levantamento alerta para o fato de que os orçamentos dos estádios não levaram em conta as instalações temporárias, como as estruturas para receber convidados e jornalistas. Nem tudo, porém, são críticas. Há elogios, por exemplo, ao empenho dos governantes em acelerar as obras e alívio com o fato de que nenhuma delas esteja paralisada. Acelerar obras, no Brasil, tem consequências sinistras para o interesse público: custos aumentados. Está aí o precedente dos Jogos Pan-Americanos de 2007, no Rio, cujo orçamento foi decuplicado. Como era de esperar, o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, minimizou as conclusões. Disse que o estudo estaria provavelmente desatualizado, já que o presidente da Fifa afirmou recentemente que "as questões da Copa marcham bem". Melhor faria o ministro se, em vez de tentar desqualificar o relatório, apresentasse regularmente balanços oficiais realistas, com dados verificáveis, sobre as obras em curso. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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