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Kenneth Maxwell

Futebol

O Santos conquistou o tricampeonato paulista de futebol no último domingo.

A esperança é a de que Neymar se torne o novo Pelé.

Foi um bom dia para o futebol brasileiro.

No mesmo dia, o Manchester City conquistou o título da Premier League inglesa em um final dramático, com gols nos descontos. Foi seu primeiro título inglês em 44 anos.

No entanto a vitória representa um marco da internacionalização do futebol da Inglaterra. O técnico do Manchester City é o italiano Roberto Mancini. O capitão da equipe, Vincent Kompany, é belga. Os principais atacantes são Sergio Agüero, da Argentina, e Edin Dzebo, da Bósnia. O time é de propriedade da família reinante do emirado de Abu Dhabi, rico em petróleo.

Mas são os torcedores que importam. A equipe derrotada por 3 a 2 na última rodada foi o Queens Park Rangers (QPR). Mas quem ganhou foi a camisa azul celeste, e não os vermelhos.

Os azuis são a torcida do Manchester City. Os vermelhos são a torcida do Manchester United. As duas equipes vêm disputando o derby de Manchester desde 1881.

Alex Ferguson, o treinador escocês do United, definiu o Etihad Stadium, para onde o City manda seus jogos, a oito quilômetros de distância do Old Trafford, o estádio do United, como "templo das trevas". Isso ficou para trás.

Enquanto acontecia o jogo entre o Manchester City e o Queens Park Rangers, eu estava visitando o museu do futebol no estádio do Pacaembu, na cidade de São Paulo. Queria conhecer a praça Charles Miller.

Um amigo de meu sobrinho descende da família de Charles Miller. Por isso, eu estava ansioso para ver o que o museu tinha a dizer sobre ele. E o museu tinha muito a contar, de fato.

Miller era brasileiro, filho de um engenheiro ferroviário escocês, e, ao voltar de uma viagem à Inglaterra, levou a São Paulo os primeiros livros de regras de futebol e, mais tarde, se tornou um dos fundadores do Corinthians.

O Pacaembu tomou como modelo o estádio construído pela Alemanha nazista para a Olimpíada de Berlim, em 1936. Foi inaugurado por Getúlio Vargas em 1940, diante do ruidoso desprazer e da hostilidade dos paulistanos presentes.

Atualmente, o museu abriga uma série de fotos, vídeos interativos e artefatos magníficos que contam a história do futebol no Brasil, do começo como esporte da elite branca à sua transformação em uma manifestação cultural popular e mestiça do país como um todo.

Uma bela tarde na cidade de Manchester e também em São Paulo.

KENNETH MAXWELL escreve às quintas-feiras nesta coluna.

Tradução de PAULO MIGLIACCI

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