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O dragão chinês recua

São desanimadoras as informações sobre crescimento da China. Os dados de abril frustraram a expectativa de que a alta de 8,1% no PIB do primeiro trimestre (diante do mesmo período de 2011) marcaria uma pausa na desaceleração.

A alta da produção industrial atingiu 9,1% (abril deste ano contra abril do ano passado), quase dois pontos abaixo da média do primeiro trimestre -algo visto apenas na crise financeira de 2008. Dados setoriais, como produção de aço e cimento, com variação inferior a 5% ao ano, indicam que o ímpeto da economia decai.

A persistir tal recuo até o final do semestre, será inevitável reduzir a projeção de crescimento anual, ainda acima de 8%. Já se considera a hipótese de que a taxa fique em 7%, talvez menos.

O aspecto positivo está na inflação ao consumidor, que recua para o nível de 3% ao ano, como deseja o governo chinês. Por isso, já se conta com afrouxamento dos controles sobre crédito e gastos públicos, para revitalizar o crescimento.

Há dúvida, contudo, quanto à real capacidade do governo de realizar esse propósito. Em 2009, a reação chinesa à crise foi um maciço programa de empréstimos bancários para financiar a infraestrutura, atualmente visto como um erro.

O dinheiro fácil inchou o mercado imobiliário e produziu uma avalanche de investimentos duvidosos. Suspeita-se que parte relevante dessas dívidas seja impagável.

Diante da fragilidade bancária, cujo alcance não se conhece bem, qualquer estímulo do setor público virá com mais cautela. Apesar de os bancos serem controlados pelo governo, o risco de perdas tem dificultado novos empréstimos.

Alguns dos problemas que afligem a China se parecem com os do Brasil. Uma certa indigestão de crédito, nos dois casos, limita a aceleração da economia. No caso brasileiro, trata-se do crédito ao consumo, esteio do crescimento nos últimos anos; na China, o problema está na exaustão dos investimentos em infraestrutura.

O Brasil precisa com urgência retomar o investimento; a China, reorientar sua máquina produtiva das inversões em infraestrutura para o consumo familiar -balanceamento difícil, nos dois países.

No caso chinês, haveria repercussão global. Trata-se do principal mercado para vários bens de capital e commodities.

Um crescimento mais contido trará desafios adicionais para nações que, como o Brasil, se tornaram dependentes em demasia do dragão asiático.

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