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Camelôs em extinção

Estão com os dias contados, se depender do prefeito Gilberto Kassab (PSD), as atividades dos camelôs nas ruas de São Paulo.

Em 2009, eram 4.600 os ambulantes com permissão das autoridades municipais; reduziram-se, oficialmente, a 558 em maio.

Dentro de 30 dias, todas as licenças estarão extintas -o que não garante, por certo, que o comércio ilegal venha a desaparecer sem tumulto ou resistência.

Tudo seria mais fácil se já estivessem prontos os três shoppings populares que a prefeitura pretende construir até o fim de 2013.

Entre os 470 vendedores que tiveram licenças cassadas na última investida oficial, há 250 deficientes. Em um mês, disse Kassab, a prefeitura encontraria uma forma de abrigá-los enquanto não chega a solução definitiva do shopping.

Degradação visual e desconforto para o pedestre, para não falar dos artigos de duvidosa procedência, tornam indesejável a proliferação das bancas de camelôs pelas ruas.

Na estratégia de Kassab parece repetir-se, entretanto, o tipo de voluntarismo que marcou as ações conjuntas do governo estadual, da prefeitura e, mais especificamente, da PM na região da cracolândia.

A remoção foi feita sem que estivesse construído um centro de acolhimento para os usuários de crack. O impulso de exibir uma resposta drástica ao problema fez com que não se levasse em conta a complexidade social -melhor dizendo, humana- da situação.

Não se trata de cair num samaritanismo que, tantas vezes, dá oportunidade a abusos e ao descaso com o interesse público; é a própria eficiência da iniciativa que se compromete. A realidade se vinga da precipitação das autoridades, e o recurso à repressão policial termina destituindo qualquer pretensão de dar feição civilizada à paisagem paulistana.

Não se repete facilmente o surpreendente efeito que a Lei Cidade Limpa teve sobre os munícipes e sobre os índices de popularidade do prefeito Kassab.

Parece estar em curso a tentativa de reproduzir o feito da proibição dos outdoors -em que prejuízos a um setor específico foram compensados pela inegável melhoria no cenário urbano. A remoção dos camelôs contribuiria também para isso, mas, antes, seria preciso que tivessem para onde ir.

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