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Caminho contra Damasco

Alemanha, Austrália, Bulgária, Canadá, Espanha, Estados Unidos, França, Itália e Reino Unido expulsaram embaixadores e altos diplomatas sírios de seus territórios.

Uma reação à altura da gravidade do massacre de mais de uma centena de pessoas -na maioria crianças e mulheres- em Houla, no sábado. Segundo grupos rebeldes, mais de 120 civis sírios teriam perecido em seguida noutras matanças, domingo e segunda-feira.

Em março, a ONU estimava que cerca de 9.000 pessoas já tivessem morrido na nação árabe, pouco mais de um ano após o início da revolta contra o regime do ditador Bashar Assad, no poder desde 2000 (antes, o pai, Hafez Assad, dominou o país por três décadas e, em 1982, comandou o extermínio de 30 mil moradores de Hama).

Com a contagem dos corpos, cresce o isolamento do tirano herdeiro de Damasco. Embora tenha concordado com o cessar-fogo proposto em março por Kofi Annan, ex-secretário-geral da ONU, Assad manteve o uso de artilharia de guerra contra a população civil.

Nem a presença de inspetores da ONU no país foi capaz de deter as forças sinistras da ditadura síria. Elas incluem, além de Exército e polícia, milícias conhecidas como "shabiha". Em Houla, a maior parte dos assassinatos teria sido perpetrada por milicianos, o que facilita a Assad alegar que são responsabilidade de forças rebeldes.

O mundo está diante de um regime sanguinário, que não hesita em dizimar civis para manter-se no poder à base do terror de Estado.

O plano de Annan tem o mérito de fundar-se na negociação e no respeito à soberania síria, excluindo nova aventura intervencionista armada. De resto, esta não interessa aos líderes ocidentais, pelo potencial presente na Síria de desestabilizar a região, pois faz fronteira com Israel e tem no Irã um aliado. Assad se aproveita disso para seguir com o morticínio.

É hora de o Brasil também escalar pressões e sanções contra Damasco, mesmo permanecendo contrário à intervenção. Limitar-se a manifestar preocupação com os massacres, "obviamente inaceitáveis", como se expressou o chanceler Antonio Patriota, configura um sinal de leniência diante da escala das atrocidades.

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