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Rogério Gentile

Medo de cadeia

SÃO PAULO - O julgamento do mensalão assusta demais o PT e é isso que torna crível o relato de Gilmar Mendes sobre a tal pressão que Lula teria feito sobre o ministro do STF. É grande o risco de que algum figurão do partido saia algemado do Supremo Tribunal Federal.

José Dirceu, por exemplo, descrito na denúncia do procurador-geral "como integrante do núcleo central de uma complexa organização criminosa", é acusado por formação de quadrilha e corrupção passiva. Se for condenado, pode pegar vários anos de cadeia. Genoino, Delúbio e João Paulo podem ter o mesmo rumo.

Os próprios advogados dos réus já os alertaram sobre essa possibilidade. Qual o impacto de uma cena desse tipo na eleição de outubro, na imagem do PT e na do próprio Lula?

Preocupado, o ex-presidente mobilizou o partido em favor da CPI do caso Cachoeira. Imaginou que a investigação poderia desmoralizar os "autores da farsa do mensalão", como bem disse o presidente do PT, Rui Falcão, em vídeo do partido.

Até agora, no entanto, conseguiu apenas acirrar os ânimos e atrair mais holofotes para o julgamento. O mesmo efeito obteve com o tal encontro com Gilmar Mendes.

Pesa a favor de Lula a declaração de Nelson Jobim, que presenciou o encontro. O ex-ministro de Lula e ex-ministro do STF desmentiu Mendes, mas, dado o seu histórico, não é exatamente uma testemunha confiável.

Jobim, para quem não se lembra, fez parte de um dos episódios mais lamentáveis da história do Brasil quando, em 1988, participou de um acordo pelo qual foram incluídos no texto da Constituição artigos que não haviam sido votados.

De qualquer modo, tendo ou não havido pressão, o episódio esquentou ainda mais o clima. O julgamento do mensalão ganha cada vez mais ares de disputa política, com juízes pressionados e raivosos. E isso não é bom para ninguém. Mais do que o destino dos réus, está em jogo a credibilidade do Judiciário.

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