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Hélio Schwartsman

Razão e eleição

SÃO PAULO - No próximo dia 17, os gregos irão às urnas para decidir o destino do país, do euro e, segundo os mais alarmistas, também o da economia mundial. É conveniente, portanto, dar uma espiadela em como as pessoas votam.

Pelas cartilhas de educação moral e cívica, que se inspiram no modelo democrático iluminista, o cidadão analisa as propostas de cada candidato ou partido, pesa as que mais lhe convêm e ao país e aí calcula o sufrágio. A democracia é boa porque seria a expressão da vontade racional da maioria dos cidadãos.

No mundo real, as coisas se revelam um pouco mais complicadas, do que o caso grego dá bom testemunho. Um corpo crescente de pesquisas na fronteira entre a sociologia, a psicologia e a neurociência mostra que, na hora da escolha, as emoções são significativamente mais importantes do que a razão.

Como todas as nossas decisões, o voto ocorre sob a influência de processos conscientes e inconscientes. A aparência do candidato, seu tom de voz, o jingle que utilizou, as narrativas em que se apoiou, nossas inclinações ideológicas, estado de espírito e até o que comemos antes de ir para a cabine eleitoral afetam mais o voto do que uma apreciação objetiva das propostas apresentadas.

Num experimento assustador, Alexander Todorov e colaboradores conseguiram fazer com que voluntários acertassem 68% das vezes o resultado de eleições para o Senado dos EUA apenas olhando por 1 segundo para fotos dos concorrentes.

De volta à Grécia, no pleito de três semanas atrás, sob o peso das emoções negativas desencadeadas por uma contração econômica de 5,5% em 2011 e 22% de desemprego, os eleitores rejeitaram os partidos tradicionais e quase elegeram a extrema esquerda. Agora, sob o medo do que possa acontecer caso a Grécia abandone mesmo o euro, ameaçam reabilitar uma das legendas que puniram em maio. Onde está a razão?

helio@uol.com.br

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