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Pedágio urbano

Cobrança sobre transporte individual pode e deve ser implantada, mas exige prazos realistas e metas de melhoria da rede pública

Há dez anos, esta Folha já constatava em editorial que os efeitos do rodízio municipal de veículos estavam esgotados. A frota retirada das ruas fora reposta, e a velocidade média era mais baixa que em 1996, ano imediatamente anterior à implantação da medida.

Num cenário de precariedade dos meios coletivos e lenta expansão do metrô, considerava-se que um sistema de pedágio urbano poderia limitar a circulação de veículos e arrecadar fundos para investimentos em transporte público.

No sábado, o secretário municipal de Transportes, Marcelo Cardinale Branco, voltou ao tema em artigo publicado também nesta Folha, no qual levantou argumentos favoráveis à cobrança da tarifa nas áreas mais congestionadas.

Branco mencionou que o custo da lentidão do tráfego, em termos de prejuízos ambientais, gastos de saúde pública, queda de produtividade e tempo perdido, seria da ordem de R$ 30 bilhões anuais. O preço da insensatez de manter nas ruas mais carros do que comportam já está sendo pago por todos.

De fato, numa cidade e num país em que o transporte rodoviário e individual impôs-se em detrimento do ferroviário e coletivo, chegou-se ao pior dos mundos: trânsito infernal, vias saturadas e alternativas públicas insuficientes e ruins.

Em São Paulo, os avanços nas redes de trens e metrô têm sido tímidos para atender à demanda. A situação agrava-se com a incorporação de novos consumidores ao mercado e o aumento do número de veículos em circulação.

A frota na capital atingiu 7,3 milhões, dos quais 5,3 milhões (74% do total) são automóveis. Quase metade das viagens motorizadas são feitas em meios individuais.

É claro que a implantação do pedágio urbano, por si só e da noite para o dia, não resolverá o problema. A restrição ao automóvel precisa ser precedida pela ampliação do investimento em transporte coletivo de qualidade, e não só metrô, mas corredores de ônibus -uma das promessas, aliás, que a atual gestão municipal não cumpriu.

Em que pese seu aspecto impopular, um sistema de cobrança sobre veículos individuais pode e deve ser implantado, mas para tanto é preciso planejamento, prazos realistas e metas de expansão e melhoria da rede pública.

São tarefas inadiáveis, que, numa cidade com as características de São Paulo, seriam cumpridas melhor com a criação de uma autoridade metropolitana de transporte, em condições de coordenar o sistema ampliado para incluir os diversos municípios adjacentes.

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