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G20 pressiona Europa

Reunião de cúpula tem pouco resultado concreto, mas eleva a cobrança sobre zona do euro para combater a crise com mais determinação

A cúpula do G20 no México não foi um fracasso completo. Houve avanços no provimento de recursos para o FMI e reafirmou-se compromisso de aumentar o peso de países emergentes no Fundo. Nada além do que se esperava.

Em relação ao assunto mais premente, a crise europeia, o G20 entregou o mínimo possível: além da pressão sobre as lideranças do continente por uma união fiscal, só declarações de princípio quanto à necessidade de reforçar políticas de crescimento.

O FMI obteve US$ 456 bilhões em novos compromissos bilaterais (US$ 26 bilhões acima do acordado em abril), boa parte dos emergentes. A moeda de troca foi o compromisso de ratificar a redivisão de poder acertada em 2010, ora atrasada (o Congresso dos EUA só deve aprovar a mudança em 2013).

A mudança era reivindicada para a estrutura do Fundo refletir melhor o peso econômico dos emergentes. Só assim o FMI terá legitimidade suficiente para coordenar um novo sistema monetário global, menos ancorado no dólar.

A divulgação de um acordo paralelo dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) para criar um "fundo virtual" de troca de divisas nas situações de crise, em montante a ser especificado, é outro pequeno passo para reduzir o papel do dólar com o tempo.

Um cenário possível é a proliferação desses arranjos regionais para prover liquidez em moedas fortes a países em dificuldades. Já há exemplos, como a iniciativa Chiang Mai, um acordo de partilha de reservas de US$ 240 bilhões inaugurado depois da crise asiática.

Tais acordos, em conjunto com os recursos do FMI, podem reduzir a tendência de países emergentes a acumular dólares como um seguro contra adversidades. O FMI permaneceria como órgão de coordenação, mas não poderia mais se comportar como condutor só dos interesses europeus e americanos.

A expectativa é que o comunicado oficial do G20 inclua uma menção à necessidade de quebrar o círculo vicioso entre bancos europeus com insuficiência de capital e os respectivos governos endividados. O premiê italiano, Mario Monti, pediu maior liberdade para que os fundos europeus de ajuda financeira injetem recursos diretamente nos mercados, socorrendo bancos e não só governos.

O G20, no entanto, pode apenas fazer pressão. A decisão sobre novos passos na direção de uma união bancária permanece com as lideranças europeias. Seu encontro de cúpula, no final deste mês, precisará adotar iniciativas mais concretas para conter as forças que ameaçam fazer ruir o euro.

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