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Caciques em ação

Sob a aparência gelatinosa e bizarra das alianças eleitorais de ocasião, vislumbra-se na política brasileira a atuação de seus verdadeiros demiurgos: as lideranças personalistas que, para fazer valer seus desígnios, não hesitam em passar por cima da mais elementar coerência ideológica.

Foi assim com Luiz Inácio Lula da Silva, no governo federal. E é agora, mais uma vez, na cidade de São Paulo, onde o ex-presidente se sente à vontade para trocar afagos -e cargos- com o antigo arquirrival Paulo Maluf.

É assim também em outros Estados, conforme atesta a nova configuração política que se desenha em Pernambuco e no Ceará, com vistas às eleições municipais de outubro em Recife e Fortaleza.

Nas duas capitais nordestinas, o PSB, por motivos diferentes dos alegados por Luiza Erundina em São Paulo, também deu as costas ao PT. Em ambos os casos, o motivo do divórcio foi o lançamento de candidaturas próprias.

Por detrás das manobras sobressai a figura de Eduardo Campos, governador pernambucano e presidente nacional do partido.

Alçado ao primeiro escalão federal no governo Lula, quando se tornou ministro da Ciência e Tecnologia, o jovem político, de 47 anos, liderou sua sigla na conquista, em 2010, de 34 cadeiras na Câmara, três no Senado e seis governos estaduais. Venceu no Ceará, em Pernambuco, na Paraíba, no Piauí, no Amapá e no Espírito Santo, Estados que reúnem cerca de 15% do eleitorado brasileiro.

Mantendo-se associado ao PT no governo federal e no de Pernambuco, Campos, no plano municipal, orquestrou um acordo com o PMDB, oposicionista local. Com esse reforço, o PSB e seus aliados vão enfrentar a situação, da qual faziam parte até há pouco. A mesma sinfonia ensaia-se em Fortaleza, sob a batuta de Cid Gomes.

O ascendente cacique pernambucano, neto do morubixaba Miguel Arraes (1916-2005), diria, por certo, que as disputas locais não representam um rompimento com o governo Dilma Rousseff e com o PT.

Com um pé em cada canoa, como é habitual na primitiva política brasileira, tentará acumular força e ganhar mais autonomia para decidir, enfim, o que fará em 2014.

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