Índice geral Opinião
Opinião
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Josué Gomes da Silva

O texto abaixo contém um Erramos, clique aqui para conferir a correção na versão eletrônica da Folha de S.Paulo.

Palavrão que salva

Entre os valores deixados por meu pai, José Alencar, estão: fé, esperança e bom humor. Em suas duras sessões de quimioterapia na luta contra o câncer, sempre positivo, ele contava aos médicos que, lá pelos anos 1950, leu, na primeira página do "Correio da Manhã", a notícia da cura da tuberculose, com a descoberta da hidrazida do ácido iso-nicotínico. Um "palavrão"!

Com um largo sorriso, afirmava que, ainda em vida, também iria ler a descoberta da cura do câncer nas manchetes dos jornais. Lembro-me disso porque hoje é o Dia Mundial da Vacina BCG, usada contra a tuberculose e difundida no Brasil pelos médicos Arlindo Raymundo de Assis e Almir Rodrigues Madeira -que promoveram, em 1934, a primeira campanha nacional de imunização.

Nosso país reduziu de 73.673 para 70.601 o número de casos novos entre 2008 e 2010. A taxa por 100 mil habitantes baixou de 38,82 para 37,99. Os dados são positivos, mas a doença, provocada pelo Bacilo de Kock, ainda é a terceira causa de óbitos dos brasileiros por males infecciosos e a primeira entre pacientes com Aids.

O Brasil ocupa o 19º lugar no ranking das 22 nações nas quais se concentram 80% dos casos de tuberculose no mundo. Nessa relação, quanto mais elevada é a posição em que se coloca um país, melhor é a sua situação. Na incidência nominal, ocupamos o 108º lugar. A meta é conservar o ritmo de redução do número de novas pessoas infectadas para, nos próximos cinco anos, deixarmos o grupo dos 20 países com a maior incidência. Essa é a expectativa do Ministério da Saúde.

Todos nós, e não só as autoridades, devemos estar comprometidos a começar pela vacinação das crianças com a BCG, que precisa ser feita nos primeiros meses de vida. Os pais e responsáveis devem ficar atentos e não perder os prazos. Também é importante que todo cidadão procure o médico ou uma unidade de saúde se apresentar tosse, com ou sem secreção, por mais de três semanas. Se for tuberculose, o tratamento é iniciado, e a cadeia de transmissão, interrompida. A doença tem cura!

A boa notícia é que o governo federal investirá R$ 52 milhões para ampliar, em seis vezes, a produção nacional da BCG. Além de suprir a demanda interna, vamos exportar a vacina, ajudando outros países a combater a tuberculose.

Um dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) é reduzir mundialmente os óbitos até 2015, tendo como base o ano de 1990. Em 2011, o Brasil já os diminuiu pela metade, cumprindo a meta com antecedência, conforme reconheceu a OMS. Avançamos, mas precisamos de amplo compromisso, não só do setor público, como de toda a sociedade, para vencer definitivamente a grave doença no território brasileiro.

JOSUÉ GOMES DA SILVA escreve aos domingos nesta coluna.

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.