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Realismo petroleiro

Petrobras oscila aos olhos de investidores e do público após necessária correção de rumos e projeções pela nova direção da empresa estatal

A apresentação do plano de negócios da Petrobras por sua presidente, Graça Foster, inovou pela abordagem franca e direta dos problemas da empresa. Sem meias palavras, preconizou realismo nas projeções de produção, cuidado na execução de investimentos e prioridades nas metas estratégicas.

Ficou evidente a diferença de estilo entre a nova gestão e o voluntarismo que muitas vezes transpareceu na administração anterior. O aparelhamento da empresa no governo de Luiz Inácio Lula da Silva incentivou a frouxidão técnica nos mais altos escalões da petroleira.

O primeiro passo para corrigir rumos era reconhecer que não cabe mais ilusionismo. A realidade nua se impõe, de forma cada vez mais clara, na deterioração da lucratividade, do fluxo de caixa e do valor de mercado da empresa (suas ações são negociadas em Bolsa por 70% de seu valor patrimonial, a quarta pior situação entre as cem maiores empresas do mundo).

Na produção, as metas foram revisadas para 2,5 milhões de barris/dia em 2016, cerca de 1 milhão abaixo da anterior. É um ajuste bem-vindo, já que há anos a empresa frustra expectativas infladas. São patentes as dificuldades para superar os 2 milhões de barris/dia.

Quanto ao plano de investir US$ 236,5 bilhões entre 2012 e 2016, reforçou-se o foco em exploração e produção, o que é correto. Além disso, projetos atrasados no valor de US$ 27,8 bilhões só receberão novos recursos após reavaliação.

Outra grande fonte de controvérsia é a política de conteúdo nacional na aquisição de equipamentos pela Petrobras. Foster argumentou que os atrasos não decorrem necessariamente da contratação nacional (afinal, 14 sondas importadas atrasaram entre 83 e 864 dias).

A política de nacionalização é um risco, pois implica, em geral, maiores prazos e custos. Por outro lado, é desejável que o país aproveite o maciço programa de investimentos do pré-sal para internalizar tecnologia e receitas. Objeções ideológicas a tal prática presumem que o Brasil não conseguirá desenvolver qualificação suficiente.

Ficou pendente, no entanto, um ponto fundamental -o alinhamento dos preços internos de combustíveis aos internacionais. É o grande dreno de caixa na Petrobras, que importa gasolina mais cara do que vende internamente.

Os reajustes da gasolina (7,8%) e do diesel (3,9%) foram significativos, mas insuficientes. É preciso que o governo reconheça os fatos. Reduzir os subsídios é imperativo para que a empresa consiga investir e desenvolver todo o potencial que a ela se atribui, em particular após o advento do pré-sal.

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