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Kenneth Maxwell

Diamantes não são eternos

Bob Diamond apresentou sua renúncia "imediata" à presidência-executiva do Barclays Bank de Londres. Ele foi questionado pela Comissão do Tesouro da Câmara dos Comuns.

Na semana passada, o Barclays pagou US$ 450 milhões para encerrar por acordo um caso apresentado pela Financial Services Authority, a agência regulatória dos bancos britânicos, e pelo Departamento da Justiça e Comissão de Futuros e Commodities dos EUA.

A questão envolvia a manipulação da Libor, a taxa de juros interbancária londrina. A Libor é uma referência essencial para a determinação das taxas de juros cobradas sobre US$ 350 trilhões em produtos financeiros, cartões de crédito, hipotecas e financiamentos residenciais.

O Barclays é o terceiro maior banco britânico, com cerca de 140 mil funcionários em todo o mundo. Diamond disse à sua equipe que estava "decepcionado e furioso" com a manipulação dessa importante taxa de referência pelo banco a fim de engrossar seus lucros.

Muita gente acha difícil acreditar que ele não soubesse que o Barclays estava mantendo a taxa de juros artificialmente baixa, para acompanhar os concorrentes e ocultar sua verdadeira situação no pico da crise de 2008, sobretudo no período que se seguiu ao colapso do Lehman Brothers.

Diamond era, então, o vice-presidente encarregado da divisão de mercados de capital do Barclays. Ao contrário de outros bancos britânicos, como o Royal Bank of Scotland, o Barclays não foi socorrido pelo governo. Em lugar disso, tomou o controle das operações de corretagem do Lehman depois de sua quebra.

O "New York Times" reportou que Diamond e outros executivos de primeiro escalão "tiveram participação em ações questionáveis, e não agiram para impedi-las". Em 2007 e 2008, os principais assessores de Diamond "instruíram os funcionários do banco a reportar juros artificialmente baixos". O Serious Fraud Office, divisão de combate a fraudes da Promotoria britânica, está estudando o caso para possível processo criminal.

Os políticos estão na corrida para aderir ao coral dos "indignados". O primeiro-ministro David Cameron anunciou que estabeleceria uma nova comissão parlamentar de inquérito sobre os bancos. A disputa partidária já é intensa.

O Barclays é só a ponta do iceberg. Há 18 outros bancos sob investigação. As autoridades regulatórias americanas já intimaram o Bank of America, o UBS e o Citigroup. Uma comissão do governo britânico recomendou separar os bancos de investimento, definidos como "cassinos", dos bancos comerciais comuns. Isso ainda não ocorreu. O caso Barclays pode se tornar o maior escândalo bancário do século.

KENNETH MAXWELL escreve às quintas-feiras nesta coluna.

Tradução de PAULO MIGLIACCI

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