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EUA encalacrados

Recuperação da economia americana fica aquém do esperado; FMI prevê que aceleração da atividade só retornará ao longo de 2013

Ao longo do primeiro semestre, desvaneceu-se a ideia de que os Estados Unidos tivessem voltado, enfim, a caminhar num ritmo relevante de recuperação econômica.

Uma expressão clara desse desapontamento se encontra no relatório que o FMI (Fundo Monetário Internacional) apresentou nesta semana sobre a economia americana. Eis seu vaticínio: "Recuperação morna, com risco de piorar".

No trimestre final de 2011, os EUA cresciam a 3% (taxa anualizada). No primeiro trimestre de 2012, o incremento recuara para 1,9%.

A taxa de desemprego parou de cair e parece estacionada na casa dos 8%, alta para os padrões americanos. Baixara em boa parte porque muitos desistiram de procurar trabalho, melhorando as estatísticas um tanto ilusoriamente. Talvez muitos trabalhadores jamais retornem ao mercado, por impossibilidade de encontrar emprego.

As informações mais recentes sobre o segundo trimestre indicam que o ritmo de crescimento baixou um pouco mais. A confiança do consumidor caiu pela primeira vez em dez meses.

As despesas de consumo das famílias estagnaram em abril e maio. As vendas do varejo caíram pela segundo mês seguido em maio. A produção das fábricas caiu em junho, pela primeira vez em três anos. Na média, o valor dos salários dos trabalhadores continua inferior ao do ano passado.

O desânimo recente deve-se provavelmente ao sentimento de insegurança causado pela crise europeia e pelos reflexos na atitude dos empresários. Suas companhias reduziram o ritmo de contratações, como nota o relatório do FMI.

A baixa confiança na economia parece também refletir incerteza a respeito do corte nas despesas públicas e nos estímulos econômicos oficiais. Como tais medidas tendem a reduzir o crescimento econômico, e este é um ano de eleição, o presidente democrata Barack Obama deve postergá-las para o ano que vem. Adiar providências inevitáveis aumenta a insegurança.

No mais, a herança da crise de 2008 ainda pesa. O setor imobiliário parou de piorar, mas os preços das propriedades permanecem em níveis próximos da baixa recorde -níveis de depressão. Trata-se de um sinal de falta de procura de imóveis e oferta de crédito ainda muito limitada nos bancos, apesar dos juros historicamente baixos.

As famílias ainda gastam comedidamente, pois abatem dívidas do período da bolha e recompõem patrimônio perdido na crise. O balanço financeiro das grandes empresas é excelente, mas as firmas relutam em investir nesse ambiente incerto. Ainda assim, o FMI prevê crescimento de 2% neste ano, semelhante ao ritmo do Brasil, um país muito mais pobre.

Os temores de recaída dos EUA na recessão, em resumo, estão cada vez mais distantes, excetuadas hipóteses como desastres na Europa ou na China. Mas o FMI não prevê aceleração da economia americana antes do final de 2013.

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