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Alerta do Fed

Para presidente do banco central dos EUA, rivalidade política no Congresso pode agravar restrições financeiras e a crise econômica no país

O mercado financeiro acompanhou com atenção o discurso de Ben Bernanke ao Congresso dos EUA, anteontem. Elevavam-se e

caíam os preços de ativos nas Bolsas ao sabor das interpretações acerca do que as palavras do presidente do Fed, o banco central norte-americano, sugeririam sobre suas próximas decisões.

Bernanke, contudo, apenas reafirmava que, embora disponha de instrumentos de política monetária, não pretendia, ao menos de imediato, usá-los em novos estímulos. Mais importante, ele alertava sobre a necessidade de outras instâncias do governo contribuírem para debelar um quadro de restrição econômica que já se mostra mais crônico do que crítico.

O mundo das finanças tem interesse em saber se o Fed recorrerá a nova rodada de "relaxamento monetário", expressão que pode ser traduzida, para fins práticos, como "imprimir dinheiro". Ou seja, injetar recursos na economia por meio da compra, pelo banco central americano, de títulos de dívida pública ou privada.

Porém, como Bernanke e outros economistas vêm observando, o efeito de medidas adicionais dessa espécie tende a ser decrescente. Ademais, os juros de curto ou longo prazo, da dívida pública ou privada, estão em níveis historicamente baixos. Entretanto a atividade econômica reage com vagar.

O excesso de endividamento das famílias e os choques na economia mundial suscitam cautela na tomada de crédito. Também os bancos mostram-se mais rigorosos na concessão de empréstimos. Os empresários relutam em investir. O setor público superendividado acautela-se ou corta gastos.

Tudo contribui para a contenção do crescimento, mesmo registrando-se tremenda oferta de dinheiro.

Bernanke disse ao Congresso que não sabe se a presente redução do ritmo é duradoura, mas que decerto pesam sobre a atividade econômica o desânimo e o receio causados pelo tumulto europeu -e, também, pela ameaça de reduções ainda maiores do gasto geral na economia norte-americana.

Entre o final deste ano e o início do próximo, a dívida pública do governo federal dos EUA atingirá outra vez o teto fixado pelo Congresso. A autorização para endividamento adicional causou celeuma e tumulto no ano passado.

Além do mais, expiram isenções de impostos e o governo terá de reduzir seu deficit. Mais cortes de gastos poderiam até mesmo causar uma nova recessão.

Bernanke deixou claro que não está apenas nas mãos do Fed a missão de estimular a economia. Seu intuito foi repreender o Congresso, em tom diplomático, e alertar os parlamentares sobre suas responsabilidades diante das perspectivas de restrição fiscal. A expectativa é que o Congresso, dessa vez, ao menos não estorve a ação do Executivo sob pretextos políticos menores. O mundo agradece.

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