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Editoriais Os profissionais Primeiro debate reforça tendência para a preparação artificial de candidatos, que hoje inclui até a formatação técnica das velhas promessas Fazem parte do passado o descontrole, o despreparo e o improviso nos debates entre candidatos. Dizer que esse gênero de encontro político tornou-se plastificado e previsível também deixou, há muito, de ser novidade. Talvez tenha sido este, paradoxalmente, o aspecto mais notável do primeiro confronto televisivo entre postulantes à prefeitura de São Paulo, na noite de quinta-feira. Três dos seus participantes estreavam no papel: Gabriel Chalita (PMDB), Fernando Haddad (PT) e Carlos Giannazi (PSOL) são nomes novos nessa arena traiçoeira. Celso Russomanno (PRB), Paulinho da Força (PDT) e Soninha (PPS) já contam com alguma experiência em debates. Ainda assim, apenas José Serra (PSDB) e Levy Fidelix (PRTB) podem ostentar, de perspectivas diversas, o qualificativo de veteranos nesse mister. Nenhum sinal mais evidente de insegurança ou despreparo, contudo, surgiu diante das câmeras de TV. Mostrar-se à vontade nos meios de comunicação não constitui, por certo, desafio para um Russomanno, cujos altos índices de popularidade se devem, em grande parte, à sua presença como apresentador em programas de defesa do consumidor. Mas não foi apenas por suas qualidades de fotogenia e sedução que candidatos como Chalita e Haddad escaparam das armadilhas comuns a quem é novato nos debates. Em seu estágio inicial, a campanha sucessória não se marca ainda por cisões acerbas. Os candidatos se estudam, por enquanto, o que reforça certa artificialidade. De todo modo, ao contrário do que costuma acontecer, foi um debate cheio de propostas. Ou promessas, se quisermos; a diferença, por vezes, é difícil de demarcar. Houve ideias sobre tudo: da diminuição dos impostos para empregadores na periferia (Paulinho, Russomanno) ao entrosamento dos ciclistas com o sistema do Bilhete Único (Haddad); da criação de uma equipe de 100 mil cuidadores para idosos (Serra) ao Poupatempo da pessoa jurídica (Chalita). A própria monomania que celebrizou Fidelix (o aerotrem) se transformou: foi substituída pela ideia de um banco municipal e de um seguro-saúde coletivo. Enquanto isso, Soninha sugeria que professores aposentados pudessem voltar a dar aulas de reforço a alunos em dificuldades. Há pouco a concluir de um debate desse tipo, exceto que, mais e mais, se profissionalizam as candidaturas. Mesmo estreantes parecem contar com assessoria especializada, não apenas no cosmético, mas também no programático. A política, propriamente dita, perde em destaque -o que tampouco é novidade, mas conta muito quando se passa das promessas para a prática administrativa real. Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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