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Vida nova em Marte

Imagens do planeta vermelho incendeiam a imaginação humana, galvanizada pela chance de haver vida no vizinho de Sistema Solar. Com o pouso do veículo Curiosity em Marte, um novo jorro de fotografias, experimentos e informação tentará resolver a velha questão.

A missão da Nasa (agência espacial americana) é herdeira da observação de "canais" no planeta pelo italiano Giovanni Schiaparelli, em 1877. A hipótese de engenheiros marcianos foi paulatinamente rebaixada para formas mais modestas de vida, até estabilizar-se na possibilidade de que bactérias tenham habitado -ou ainda habitem- seu terreno desértico.

Essa ideia ganhou força em 1996, quando foram anunciados vestígios desses micro-organismos num meteorito marciano achado na Antártida, que teria sido ejetado após choque de um asteroide com Marte.

No ano seguinte, Sojourner, o primeiro jipe explorador da Nasa a pousar no planeta, maravilhou o mundo com imagens coloridas inéditas do solo marciano. Em 2003 viriam as missões de "jipes" mais encorpados, Spirit e Opportunity, e outra enxurrada de fotografias e experimentos geoquímicos.

A informação colhida até aqui foi inconclusiva sobre vestígios de organismos de qualquer espécie no quarto planeta em órbita do Sol. Nas imagens, porém, já se comprovou erosão de terrenos que só poderia originar-se de fluxos de água.

Movido a eletricidade gerada por plutônio, com uma tonelada e dez equipamentos científicos, Curiosity terá um ano marciano -687 dias terrestres- para esquadrinhar a cratera Gale. Até um laser para pulverizar rochas e analisá-las o veículo explorador carrega.

Se encontrar prova conclusiva de vida, ninguém mais se lembrará de que o lançamento atrasou dois anos e custou US$ 2,5 bilhões.

Diante da descoberta do século, todos se perguntariam por que o orçamento da Nasa para 2013 perdeu cerca de US$ 300 milhões (20%) sobre o de 2012, com o grosso do corte concentrado no programa de exploração de Marte.