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À direita de Romney

Candidato republicano a presidente dos EUA anuncia o ultraconservador Paul Ryan como vice em sua chapa para enfrentar Barack Obama

Ao escolher o deputado Paul Ryan, 42, como vice na chapa para as eleições presidenciais de novembro nos EUA, o republicano Mitt Romney parece reforçar a polarização ideológica na disputa com o democrata Barack Obama.

Ao contrário de Romney, não restam dúvidas sobre as credenciais conservadoras de Ryan. Representante do Estado de Wisconsin na Câmara, ele é contrário ao aborto, ao controle de armas e a medidas contra o aquecimento global.

Ryan é também um aguerrido defensor do Estado mínimo, da redução das políticas de seguridade social e do corte imediato dos gastos do governo como forma de controlar o deficit orçamentário.

Foi como líder da Comissão de Orçamento da Câmara que Ryan se tornou conhecido. Tem feito, nos últimos anos, ferrenha defesa da austeridade fiscal e da redução dos gastos em um dos principais programas sociais, o Medicare, que garante serviços de saúde para americanos acima dos 65 anos.

Nas primeiras manifestações após o anúncio da parceria, Romney e Ryan procuraram caracterizar a Presidência de Obama como favorável a uma intervenção cada vez maior do Estado na vida do cidadão americano e contrária ao princípio de liberdade individual.

A campanha de Obama, por seu turno, usa os discursos de Ryan para atacar a chapa republicana. O postulante a vice foi caracterizado como um "ideólogo de direita" que pretende privar os cidadãos americanos, sobretudo os mais velhos, de serviços públicos básicos.

Como solução para a crise econômica e para o alto índice de desemprego, Ryan defende a redução de impostos para empresas e empresários, que, segundo o credo republicano ortodoxo, estariam impedidos de investir pelo crescente intervencionismo federal.

Mesmo estudiosos preocupados com a gravidade do crescente deficit público americano, como o ex-economista-chefe do FMI Kenneth Rogoff, veem com desconfiança as propostas de Ryan. Numa economia em que indivíduos e empresas ainda hesitam em gastar e investir, a medida poderia solapar a lenta recuperação dos EUA.

A seu favor, o candidato republicano a vice tem a coerência de ideias e propósitos. Já o passado administrativo de Romney, como governador de Massachusetts, guarda pontos de contato com políticas de Obama -como o sistema de saúde pública naquele Estado, similar ao que o presidente conseguiu aprovar no plano federal.

Com a indicação de Ryan, um gesto que agradará a alas extremistas como o movimento Tea Party, Romney dá mostra de considerar prioritário consolidar sua base de eleitores. Oferece-lhes a mais pura receita republicana para endireitar o país: cortar gastos e impostos.

Pode bastar para ganhar uma eleição, pois as políticas democratas não debelaram a crise, mas é duvidoso que baste para drenar o pântano econômico em que se encontram os Estados Unidos.

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