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Ruy Castro

Frouxos de riso

RIO DE JANEIRO - Os brasileiros estão deixando de se chamar Anacleto, Custódio, Hildebrando, Leopoldo, Olegário. E há quanto tempo não se sabe de um Teófilo, Policarpo, Orlando, Gregório ou Aprígio? Com as mulheres, é a mesma coisa -onde estão as novas Adelaides, Alziras, Celestes, Eunices, Janetes e Zilás que, um dia, foram tão comuns? Certo, ainda há brasileiros que carregam esses nomes tão bonitos, mas talvez sejam os últimos de sua espécie. Temo que, em breve, só os encontremos em cemitérios.

Novos nomes se impuseram, e uma amostra disso está nos plantéis deste ano dos nossos clubes. Cruzeiro, Flamengo, Fluminense, Palmeiras e São Paulo, todos têm um Wellington. Bahia, Fluminense, Palmeiras, Ponte Preta, Portuguesa e Sport, todos têm um Bruno. Coritiba, Cruzeiro, Flamengo, Fluminense, Grêmio e Sport, todos têm um Mateus, com ou sem th. E Botafogo, Corinthians, Coritiba, Flamengo, Fluminense, Ponte Preta e São Paulo, todos têm um Lucas.

Sem falar nos Diegos, Wallaces e Williams -estes, tão abundantes que precisam ser acoplados a outro nome, como William Matheus e William Barbio, do Vasco, Willian José, do São Paulo, e Willian Arão, do Corinthians, para não confundir. Mesmo um nome insólito como Marlon já rendeu repeteco: há o Marllon do Flamengo e o Marlon do Náutico, nenhum deles brando.

Mas o que mais me intriga são os jogadores com nomes sem equivalente em lugar nenhum, nem nos EUA, de onde seus pais imaginam tê-los tirado: Brinner, Derley, Demerson, Elkeson, Gerley, Jheimy, Klever, Lorran, Luan, Rithely, Roberson, Ruan, Saimon, Uêndel, Wallyson, Welder, Werley, Wescley, Weverton.

Não são apelidos, mas nomes próprios, passados em cartório, registrados em certidões. Aposto que os escrivães têm frouxos de riso às escondidas ao lavrá-los nos livros.

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