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Avanço na Colômbia

O anúncio de "conversações exploratórias" de paz com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) pelo presidente do país, Juan Manuel Santos, é uma boa notícia. Foi, no entanto, recebido com alguma desconfiança, dado o histórico de fracassos anteriores.

Na tentativa mais recente de acordo, pelo governo de Andrés Pastrana (1998-2002), as Farc ganharam tempo e espaço para se firmarem. Reforçaram presença na área desmilitarizada obtida nas negociações e, assim, chegaram a controlar 40% do território colombiano.

Uma década depois, Santos anuncia a intenção de não interromper o combate à guerrilha até que as negociações cheguem a bom termo -deposição de armas pelo grupo e libertação de mais de 400 reféns ainda mantidos em cativeiro.

O que se negocia agora são os termos de rendição das Farc, e tal passo deve ser celebrado. Só foi possível após o enfraquecimento da guerrilha com a ofensiva conduzida pelo presidente anterior, Álvaro Uribe -que ajudou a eleger Santos, mas com ele se desentendeu a seguir.

As Farc atuam na Colômbia há quase cinco décadas. No princípio, almejavam uma revolução comunista. Aos poucos, tornaram-se não mais do que uma grande organização criminosa que se sustentava por meio do plantio da coca e do refino e da venda de cocaína.

O governo da Colômbia conseguiu reduzir pela metade o contingente das Farc -que se estima terem hoje entre 8.000 e 9.000 integrantes. Elas também perderam o controle de vastas áreas no país e se viram encurraladas em redutos na floresta. Vários de seus líderes terminaram mortos pelo Exército.

Apesar dos avanços, uma vitória militar definitiva, com todos os membros remanescentes da facção derrotados, parece improvável. Sempre se soube que a etapa final do desmonte das Farc precisaria incluir um acordo como o que agora se esboça, no momento em que o Estado colombiano, fortalecido, reúne condições para impor termos à guerrilha alquebrada.

Em troca do fim de atentados e sequestros, noticia-se, Santos estaria disposto a permitir que ex-militantes da organização participassem da vida política. É provável, porém, que alguns ex-guerrilheiros mantenham envolvimento com o tráfico de drogas, ainda que em menor escala do que hoje.

Obstáculos não faltarão. Mas a desmobilização das Farc, se alcançada, representará uma grande vitória para milhões de colombianos.

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