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Romney candidato

Tanto quanto era certa a chegada do furacão Isaac à costa americana do golfo do México, deu-se a consagração de Mitt Romney como candidato à Presidência dos EUA na convenção do Partido Republicano em Tampa, Flórida.

E, assim como não se sabia exatamente onde a tempestade causaria inundações, o potencial do ex-governador de Massachusetts para ameaçar a reeleição do democrata Barack Obama continua incerto.

A escolha do deputado ultraconservador Paul Ryan para vice não alterou sua posição nas pesquisas eleitorais. Romney e Obama seguem empatados em várias delas.

No entanto Romney sai com alguma desvantagem por contar com menos simpatia da população em geral. Um total de 54% dos americanos dizem gostar de Obama, enquanto apenas 31% declaram o mesmo sobre Romney.

A campanha de Obama tem insistido na tática de marcá-lo como alguém que não se preocupa com o desemprego de mais de 8% (alto, para os padrões americanos). Romney retruca que Obama prometeu recuperar a economia e não foi capaz de fazê-lo, desafio que só um empresário experiente como ele conseguiria enfrentar.

Entre analistas de economia, contudo, Romney desperta certa desconfiança. A razão para isso é a vaguidão em pontos cruciais de sua plataforma contra a crise.

Romney não detalhou, ainda, como fará para conciliar suas propostas de eliminar o deficit orçamentário até 2020, reduzir a presença do Estado na economia a 20% do PIB e manter a despesa militar em 4% do PIB com a promessa de corte profundo nos tributos -sobretudo a redução do imposto de renda dos mais ricos, cuja alíquota cairia de 35% para 28%.

Segundo especialistas, a conta não fecha. As ideias sobre redução do Estado defendidas por Paul Ryan, ainda mais drásticas, talvez pudessem resolvê-la, mas mediante cortes em despesas sociais tão profundos que o próprio Romney não se compromete com elas.

Além disso, há a promessa -mais populista do que praticável- de denunciar a China por manipular a taxa de câmbio em favor de suas exportações, que o candidato republicano pretende punir sobretaxando produtos importados do país asiático. Não faltam especialistas a prever que seria desastroso para a própria economia americana, baseada no alto consumo de mercadorias chinesas baratas.

Não será surpresa se o candidato Romney, a partir de agora, mitigar a pregação para os republicanos mais ortodoxos e caminhar rumo ao centro do espectro político. Difícil é saber se poderá conquistar fatias mais moderadas do eleitorado sem acentuar a imagem de ambiguidade que ora o persegue.

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