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Carlos Heitor Cony

Washington e Guapimirim

RIO DE JANEIRO - O clichê garante que a democracia é o pior dos regimes políticos, com exceção dos demais. Não penso assim, acho que, em tese, a democracia é o ideal na medida em que todo o poder é atribuído ao povo e dele emana -outro clichê adotado pelos países regidos por uma Constituição democrática. Isso sem falar na liberdade -que está acima de tudo.

Contudo não sou devoto da de-mocracia dita "representativa". E muito me admiro de ter a humanidade colocado um homem na Lua e um termômetro no peito dos perus que apitam quando eles estão prontos para o consumo.

São duas expressões do gênio humano -que, apesar de tais e tantas conquistas, ainda não encontrou uma alternativa decente para captar a vontade do povo na base do voto e do processo eleitoral, tal como se pratica em quase todo o mundo, menos nas ditaduras.

Na caça aos votos, tudo parece permitido. Há legislação específica que regula a consulta popular, mas o processo usado custa um dinheiro que nem os partidos nem os candidatos possuem, por mais ricos e pródigos que sejam.

No Brasil, temos a prova de que 99% da corrupção se deve aos gastos das campanhas, cujas sobras terminam no bolso dos interessados, que, às vezes, nem chegam a ser candidatos. Na atual corrida eleitoral nos EUA, os entendidos garantem que democratas e republicanos serão obrigados a gastar muitos e muitos milhões de dólares para que um deles possa ocupar a Casa Branca.

Pulando de Washington, DC, para Guapimirim, no Estado do Rio.

Prefeito, vice, vereadores e outros líderes municipais foram presos nesta semana, acusados de corrupção. E o mensalão, que está sendo julgado no STF, é prova de que os gênios da humanidade precisam criar outro processo para que o poder emane realmente do povo.

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