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Paula Cesarino Costa

Esquecidos na Baixada

RIO DE JANEIRO - Às vezes, a ação só acontece após a tragédia, na base da reação. A onda de assassinatos na Baixada Fluminense no fim de semana obrigou a Secretaria de Segurança a fazer uma operação emergencial numa região esquecida e que parece secundária na política atual.

A cena era macabra. Seis covas enfileiradas para receber os corpos de jovens que saíram de casa para ir a um festival de pipa e tomar banho de cachoeira. Nunca voltaram. Tinham entre 16 e 19 anos e nenhuma passagem pela polícia. Ficou o choro de mães, pais, avós e amigos sobre os caixões, alguns fechados por terem dentro rostos desfigurados.

A política de segurança do governo Cabral baseia-se essencialmente na retomada de territórios do controle de traficantes, com a instalação das UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora). Com inegável sucesso em algumas áreas, problemas em outras, o fato é que elas se concentraram nas zonas sul, norte e central da capital.

O que isso provoca? Moradores da Chatuba, em Nilópolis, dizem que traficantes se mudaram para lá recentemente e que os crimes aumentaram.

O caso traz à tona dúvida sobre a estratégia do secretário José Mariano Beltrame. Como combater a criminalidade no Estado? Haveria como formar número suficiente de policiais?

A queda da taxa de homicídios -de 40 assassinatos por grupo de mil habitantes para 25 por mil habitantes- concentra-se na capital. Os índices da Baixada são altos e pouco se alteraram. O secretário diz que a região "merece" e será contemplada pela "pacificação". "Mas ainda não é a vez daquele lugar." Quando será?

Orgulha-se de que ocupações têm acontecido sem tiros nem mortes. Louvável, mas não suficiente. Violência, assassinatos e balas perdidas castigam áreas periféricas.

Pobre, feia e superpopulosa, a Baixada Fluminense é o retrato da desigualdade estadual. Social, econômica e política.

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