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Turbilhão no Irã

A economia iraniana entrou em estado de choque. O rial, moeda do país persa, iniciou uma queda livre sem precedentes.

Há uma semana, um dólar valia cerca de 24.600 rials. Ontem, a cotação superou 40.000 rials, um cataclismo cambial que levou à suspensão das transações. O mercado foi encerrado sem que se soubesse ao certo o valor da moeda.

Empresários iranianos estão em pânico com a reviravolta nas contas externas. A população, já castigada pela alta dos preços nos últimos anos, afunda no pessimismo diante de mais uma disparada inflacionária inevitável.

A desvalorização do rial resulta da combinação de dois fatores. O primeiro é a adoção, no início deste ano, das sanções mais duras já impostas por EUA e União Europeia ao Irã como punição por seu programa nuclear.

O embargo de petróleo derrubou pela metade as exportações, atingindo em cheio a principal fonte de renda -e divisas- do regime. A pressão também impediu os bancos, inclusive o Banco Central, de receber remessas do exterior.

O segundo fator é a péssima gestão econômica. O presidente Mahmoud Ahmadinejad está sob artilharia pesada dos cada vez mais numerosos inimigos, por ter torrado em subsídios, programas sociais e construção de barragens e viadutos a poupança acumulada até 2010, quando sanções eram mais facilmente contornáveis e o preço do barril andava na estratosfera.

Na reta final de seu segundo mandato e impedido de concorrer novamente na eleição de junho de 2013, Ahmadinejad convocou às pressas uma entrevista coletiva para se defender. O presidente culpou não só os inimigos externos pela "guerra econômica contra o Irã", mas também as facções rivais do governo, por supostamente tirarem proveito da crise.

Há quem tenha enxergado, em seu discurso, críticas inclusive à política moral ultraconservadora do clero. O racha na teocracia poucas vezes esteve tão evidente.

Só um fato inesperado parece capaz de mudar o rumo perigoso tomado pelo Irã. Uma guerra cerraria fileiras em torno dos clérigos e generais, mas essa opção anda em baixa. Mais plausível seria um acordo com a comunidade internacional sobre a questão nuclear.

A expectativa da vez, porém, é que surja algum candidato de consenso para enfim levar à Presidência, em 2013, uma agenda interna e externa mais pragmática.

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