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Questão de respeito

"Teriam sido assassinados se não fossem policiais?"

Faz todo o sentido a pergunta que fundamenta a argumentação do advogado Fernando Capano, representante da família do policial militar Carlos da Silva Cardoso.

Trata-se de um dentre os muitos policiais no Estado de São Paulo que foram mortos fora do horário de serviço. Cardoso estava perto de sua casa, na zona norte de São Paulo, quando traficantes o atingiram com 42 disparos de fuzil.

O crime ocorreu em 2006; até agora não foi julgada em definitivo a ação pela qual a família reivindica a indenização de R$ 100 mil, que a rigor só é devida quando o policial é morto em serviço.

A Justiça vem aceitando o argumento de que, mesmo em horários de folga, o assassinato de um policial justifica que a família receba a quantia -aliás módica, por uma vida- que o contrato da PM com uma empresa de seguros só garante nos casos de morte em serviço.

O governador Geraldo Alckmin já anunciou ter encomendado à Secretaria da Segurança Pública um estudo sobre esses casos. A sociedade gasta mais, provavelmente, com os processos judiciais do que com a concessão das indenizações.

Mesmo que não seja assim, está em jogo uma questão de justiça e de respeito com famílias imersas no luto e na tragédia.

De várias dezenas de policiais mortos este ano, só três estavam em serviço. Também foi expressiva a proporção dos que, na onda de ataques em 2006, foram mortos fora dos horários de trabalho.

Naquele momento, decreto governamental assegurou que tivessem direito à indenização. Infelizmente, os ataques sistemáticos voltaram a ocorrer. Em escala menor e individualizada, é ainda a tática terrorista do atentado o que se verifica contra os membros da Polícia Militar, principalmente.

Se deles se exige o mais rigoroso respeito à lei, e se tantas vezes se condena, como faz esta Folha, os assassinatos de suspeitos praticadas pela polícia, é por outro lado indispensável que o poder público lhes preste, e a suas famílias, a assistência e a homenagem devida quando, em razão de seu posto, são vitimados à traição, emboscados pelos criminosos que combatem.

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