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Apoio à paz na Colômbia

Reunidos na Noruega, representantes do governo de Juan Manuel Santos e da guerrilha das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) instalaram uma mesa de diálogo para dar fim ao conflito armado de quase cinco décadas.

Apesar do fracasso nas três negociações anteriores, a esperança reside agora no intenso enfraquecimento do grupo armado nos últimos anos. Sucessivos reveses militares diminuíram consideravelmente seu poder de barganha.

Pelo cronograma estabelecido, as negociações de fato começam no dia 15 de novembro, em Cuba. O primeiro ponto da pauta é a questão agrária, que está na origem do conflito iniciado em 1964. Os outros temas são participação política, suspensão das ações, narcotráfico e identificação das vítimas.

As Farc chegam às negociações muito mais debilitadas do que em tentativas anteriores. Na mais famosa, entre 1998 e 2002, quando estava fortalecida por vitórias seguidas, a guerrilha conseguiu criar uma "zona desmilitarizada" do tamanho do Estado do Rio de Janeiro.

A negociação patinou. Enquanto isso, a área foi usada pelas Farc para treinar tropas, consolidar uma base para o narcotráfico e promover sequestros covardes de civis.

Hoje, após uma década de intensa ofensiva governamental que matou alguns de seus principais líderes, as Farc perderam dois terços de suas fileiras. Ficaram reduzidas a grupos isolados e dispõem de uma pequena fração do território que controlavam em 2002, com pouquíssimo apoio popular.

Ainda que uma vitória armada sobre o Estado seja impossível, as Farc não estão inteiramente derrotadas. Mataram cerca de 6.000 agentes de segurança nos últimos três anos e têm força para promover dezenas de ataques à infraestrutura energética e petroleira.

Já o governo colombiano precisa ser capaz de assegurar o cumprimento de um eventual acordo de reintegração social e participação política para os militantes. Além de buscar o difícil equilíbrio entre justiça e anistia, deve evitar que se repita o que aconteceu em meados dos anos 1980. Na época, a União Patriótica, partido formado por ex-guerrilheiros desmobilizados, foi quase exterminada por grupos paramilitares e agentes do Estado.

Fora do grupo de países envolvidos (Cuba, Noruega, Venezuela e Chile), o governo brasileiro deve buscar formas de ajudar o processo de paz. É de seu interesse direto que o vizinho encerre o conflito, o que beneficiaria o combate ao narcotráfico e o controle da imensa e vulnerável fronteira comum.

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