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Obama na ofensiva

O candidato republicano à Presidência dos EUA, Mitt Romney, até que não fez feio no terceiro debate televisivo com o oponente democrata, Barack Obama. Romney perdeu, mas era o esperado num confronto sobre política externa.

Qualquer desafiante do presidente em busca de reeleição estaria em desvantagem -em particular se, como Romney, nunca tivesse ocupado cargos de relevância na Casa Branca, como os de vice-presidente ou secretário de Estado.

Seu adversário é o comandante da maior máquina de guerra, espionagem e diplomacia no planeta. Ao final do primeiro mandato, detém um acervo incomparável de decisões e informações estratégicas -tanto mais úteis se incluir sucessos de público como o assassinato de Osama Bin Laden.

Nessas condições, Romney não poderia fazer muito mais que se demonstrar um aprendiz dedicado. Pronunciou nomes de países com correção e evidente cautela. Discorreu sobre lugares remotos para o horizonte geográfico e estratégico dos americanos, como Mali e América Latina.

Quando buscou fustigar o presidente, recorreu a motes propagandísticos: a tal "excursão de desculpas" que Obama eleito teria empreendido no Oriente Médio, ausência de liderança, atraso na tomada de medidas mais duras contra Irã, Síria, Coreia do Norte, China...

Romney não foi capaz, contudo, de indicar o que teria feito de diferente (a não ser que o faria "antes"). E, premido pela obrigação de mostrar-se equilibrado, "presidencial", distanciou-se dos arroubos unilaterais de quando ainda disputava a candidatura republicana.

Divergiu tanto para o centro que chegou a soar como um democrata, por exemplo ao defender a igualdade para mulheres em países muçulmanos convulsionados.

A iniciativa esteve quase todo o tempo com Obama, que a usou com estudada agressividade. Pespegou em Romney a pecha de incoerente e volúvel em suas opiniões. Permitiu-se até um momento de zombaria -diante da acusação de que as forças dos EUA têm hoje menos navios que no passado- ao responder que têm também menos cavalos e baionetas.

Como não há divergência profunda entre os candidatos, pode-se concluir, não sem alguma inquietude, que os EUA não cogitam ainda rever a autoatribuída condição de polícia global, travestindo de liderança o respeito comandado por inigualável poderio militar.

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