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Ruy Castro

Mais clipes

RIO DE JANEIRO - O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) vai investigar as contas de 17 partidos políticos brasileiros. Nas últimas prestações, eles não têm explicado muito bem o que fazem com o dinheiro que lhes é destinado por um Fundo Partidário -provido pelo Tesouro Federal-, para pagar seus funcionários, arcar com o aluguel de suas sedes e certificar-se de que não lhes faltem clipes, cola Pritt e envelopes pardos. Suspeita-se do gasto de milhões com atividades extrapartidárias, justificadas com notas frias.

Que os partidos errem nas contas e tentem remendá-las de forma duvidosa, não é surpresa. Afinal, são comandados por políticos, não por técnicos em contabilidade, e talvez isso também aconteça em outros países com vida partidária ativa. O espantoso é o grau de atividade da nossa vida partidária -quantos outros países terão tantas agremiações registradas e funcionando?

Se fossem só 17 partidos, já seria um exagero de siglas à disposição do eleitor. Mas se quiser se abanar com todo o leque partidário, o brasileiro terá 30 partidos entre os quais escolher. Alguns vindos de longe, como o velho PCB (Partido Comunista Brasileiro), de 1922; outros, ainda nas fraldas, como o PEN (Partido Ecológico Nacional), de 2012, e o PPL (Partido Pátria Livre), de 2011.

Trinta partidos significarão 30 orientações ideológicas tão diferentes que exijam legendas isoladas, incapazes de se compor? Difícil. Veja o PT. Quando foi fundado, em 1982, acomodava dezenas de linhas de esquerda, todas se odiando entre si -e elas aprenderam a conviver sob uma bandeira. Aliás, fizeram isso tão bem que aprenderam a conviver até com Collor, Sarney e Maluf.

Uma vantagem de muitos desses 30 partidos se fundirem seria a de que o bolo destinado a cada um pelo Tesouro ficaria maior. E, com isso, mais clipes.

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