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Fábio Seixas

O balão branco

RIO DE JANEIRO - Madrugada no Rio, trânsito congestionado. Lá adiante, o balão branco no ar. Depois virão a barraca de armar, os carros de polícia, os guinchos.

Blitz da lei seca, já parte do cenário, outrora mais romântico, das noites cariocas.

O governo Cabral se orgulha dos números e de exportar know-how para outros Estados. De 19 de março de 2009, noite da primeira blitz, até a manhã de ontem, foram 616.158 abordagens, 110.382 multas, 27.858 carros rebocados e 48.656 carteiras de habilitação apreendidas.

Não há uma estimativa da média de operações por noite. Na madrugada do último sábado, foram sete.

Uma lei que, por todo esse empenho do governo estadual, "pegou". E justamente no Rio, dos tantos jeitinhos e esquemas e da vista grossa.

Uma lei com objetivo nobilíssimo e indiscutível: arrancar bêbados do volante e evitar acidentes ali à frente. Lei que teve o mérito de mudar os hábitos dos cariocas. Hoje, a maioria que vai aos botequins ou mesmo aos bares sofisticados usa ônibus, táxi, bicicleta ou sola de sapato. Quem arrisca, arrisca alto.

Gera alguma curiosidade tanta dedicação do governo a essa ação específica. É uma "agenda positiva", ok, mas há tantas outras por aí sem o mesmo tratamento...

Talvez a explicação esteja exatamente na pirotecnia das blitze. Além do "marketing do bem", o "modus operandi" é marketing por si só.

A operação lei seca bombardeia a mensagem de que o Estado está trabalhando -e funcionando. Ao deparar-se com um congestionamento na madrugada, o motorista passa minutos naquele corredor polonês, vendo a parafernália montada, os giroflex das viaturas, o balão branco cada vez mais próximo...

Até escapar ou ser chamado ao bafômetro. E, qualquer que seja o resultado, sai com a impressão de que algo está sendo feito. É infalível.

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