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Eliane Cantanhêde

Dúvida que não quer calar

BRASÍLIA - A Bovespa saltitou 2% para cima na sexta-feira, mas essa demonstração de tranquilidade foi pontual e curta. Na verdade, não há razão nenhuma para otimismo quando se miram tsunamis e marolinhas que vêm do outro lado do Atlântico.
A expectativa de crescimento econômico da União Europeia para 2012 desabou de 1,8% para míseros 0,5%, com horizontes desanimadores para emprego, consumo, investimentos e empréstimos. Este ano está ruim? O próximo não estará nada melhor.
Aqui no Brasil, pesquisa CNI-Ibope mostra que 31% dos empresários estão pessimistas. E logo agora, quando avaliam o ano que termina e planejam o que começa.
Esse clima, pesado fora do país e de incertezas internamente, tem servido de argumento para Dilma exigir do Congresso a prorrogação da DRU (Desvinculação das Receitas da União), que lhe dá margem de manobra para gerenciar livremente 20% da dinheirama federal.
A oposição, porém, desconfia que o efeito prático da DRU para o governo nem é tanto assim e que, no fundo, Dilma está preparando (e se preparando para) um novo imposto.
O deputado tucano Marcus Pestana, ex-secretário de Planejamento do governo Aécio Neves em Minas, faz uma conta aritmética: se recriada a CPMF com a mesma alíquota de quando foi extinta, ela geraria
R$ 40 bi por ano, teoricamente só para a Saúde. Com a DRU, 20% disso resultariam em R$ 8 bi liberados para Dilma manipular a seu bel-prazer.
A folgada maioria governista corre a favor de Dilma, e o tempo corre contra. Se não for votada neste ano, antes do recesso, a DRU não vale para o próximo. E ainda faltam um turno na Câmara e dois no Senado.
Mas, ao final, Dilma vai acabar vencendo mais essa, deixando uma dúvida que não é só da oposição, mas dos contribuintes: porque a DRU é essencial, uma arma decisiva contra a crise, ou porque um novo imposto ronda o Brasil e os brasileiros?

elianec@uol.com.br

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