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Fernando Pimentel

O texto abaixo contém um Erramos, clique aqui para conferir a correção na versão eletrônica da Folha de S.Paulo.

O que a balança comercial revela

A despeito das análises negativas, o Brasil nunca exportou tanto quanto no último biênio. Alguns produtos tiveram recorde de exportação

O Brasil fechou 2012 com exportações da ordem de US$ 242,6 bilhões -o segundo melhor resultado da série histórica- e um superavit de US$ 19,4 bilhões, a despeito do agravamento da crise econômica internacional.

No entanto, foi a queda de 34,8% do saldo positivo da balança comercial na comparação com 2011 que concentrou a atenção dos analistas, impedindo que se enxergasse muitos outros aspectos do bom resultado de 2012.

Bom resultado? Sim, e vejamos por quê. Antes de tudo, em nenhum outro biênio, o Brasil exportou tanto quanto nos últimos dois anos.

Em 2012, mantivemos o patamar elevado de exportações atingido em 2011, ano de recorde das nossas vendas externas. É preciso lembrar que já em 2011 tínhamos aumento de 27% em relação ao ano de 2010. Ou seja, a queda de 5,3% das exportações em 2012 tem que ser vista no contexto de um patamar muito elevado no ano anterior.

A corrente de comércio de 2012 foi a segunda maior da série histórica, com o registro de que 82% do que o Brasil importou no ano passado foram insumos e bens de capital, ou seja, alavancas para o crescimento econômico.

É sabido que as importações -dentro de parâmetros leais- contribuem para a competitividade da indústria brasileira e para as próprias exportações do país. Prova disso é que na lista dos cem maiores importadores brasileiros em 2012, 94 também exportaram.

Pode ter passado despercebido o fato de que, entre todas as categorias, as exportações de manufaturados apresentaram a menor queda (-1,7%). Em outras palavras, a venda de manufaturados evitou uma queda maior nas exportações em 2012.

Num ano marcado pela crise externa, o Brasil bateu recorde de exportação de produtos como ônibus, bombas e compressores, motores e geradores elétricos. Também as exportações de aviões cresceram 21% em relação a 2011.

Não se pode ignorar o impacto da crise internacional -e, em particular, da queda de preços de commodities- sobre o nosso comércio exterior. Obviamente, não se trata de negar a redução do superavit, mas um simples exercício aritmético permite concluir que, mantidos os preços do minério de ferro praticados em 2011, só as exportações dessa commodity teriam agregado US$ 10,3 bilhões ao resultado de 2012.

Essa diferença teria elevado nosso saldo aos quase US$ 30 bilhões de 2011, praticamente zerando a queda das exportações.

Notem que outros países exportadores de commodities minerais experimentaram quedas relevantes em seus saldos. De janeiro a outubro, a Austrália registrou perdas de 63%. No Chile, a queda foi de 72% entre janeiro e novembro.

Convém ainda um comentário sobre a Argentina. Apesar de persistirem dificuldades administrativas para exportadores brasileiros, poucos analistas notaram que a maior parte da queda das vendas está relacionada ao desaquecimento da economia do país vizinho e do efeito preço de alguns produtos: minério de ferro (-43%), combustíveis (-71%), aviões (-100%), energia elétrica (-39%) experimentaram queda significativa apenas por motivos relacionados à situação econômica da própria Argentina e do mundo.

Num cenário em que o mundo ainda se ressente dos efeitos da crise, pode-se considerar claramente positivo o resultado das exportações brasileiras em 2012, que, repito, atingiram o segundo maior valor da série histórica. Uma leitura da realidade que não leve em conta as variáveis aqui mencionadas certamente não conta toda a história.

Em 2013, o início de recuperação da economia internacional, combinada aos resultados de medidas adotadas pelo governo brasileiro para aumentar a competitividade da indústria nacional, decerto vai produzir efeitos positivos sobre o nosso comércio exterior.

Agora é trabalhar para mais um ano de bons resultados.


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