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Futuro incerto

Investimento estrangeiro no Brasil deve bater recorde neste ano, mas um cenário global ainda mais turbulento pode alterar esse cenário

A entrada de investimentos estrangeiros dirigidos a atividades produtivas nunca foi tão pujante no Brasil como neste ano de 2011. Nos 12 meses até setembro, esse tipo de entrada de capital chegou a impressionantes US$ 76,3 bilhões.
Descontadas as saídas de capital associadas a investimentos produtivos brasileiros no exterior, o fluxo líquido de investimento estrangeiro direto (IED) deverá ultrapassar, no encerramento do ano, US$ 60 bilhões. É uma soma mais do que suficiente para financiar o deficit do país em suas transações correntes com o exterior (gastos e receitas com exportação e importação de bens e de serviços), que pela estimativa do Banco Central fechará o ano em US$ 54 bilhões.
Alguns analistas apontam a possibilidade de que o fluxo de IED venha sendo reforçado por recursos na realidade dirigidos a aplicações a juros: para contornar o forte aumento de tributação sobre investimentos estrangeiros em títulos de renda fixa determinado em outubro do ano passado pelo governo, investidores estariam criando manobras contábeis para trazer os recursos sob a rubrica IED.
No entanto o Banco Central nega que essa burla esteja ocorrendo, e mesmo os analistas que
creem haver falseamento de informações reconhecem que os recursos contabilizados como IED correspondem, em sua grande maioria, a investimentos produtivos.
É evidente que a força do investimento estrangeiro está ligada a um otimismo sobre as perspectivas da economia brasileira -e também ao crescente ceticismo em relação às economias maduras.
Essa conjunção permitiu ao Brasil passar, de 2009 para 2010, da 15ª para a 5ª posição entre os principais destinos de IED no mundo. E contribui para que o quinhão do país no fluxo global de investimento estrangeiro direto chegue neste ano ao nível recorde de 5,4%.
O recente agravamento das dificuldades econômicas nos países desenvolvidos, no entanto, suscita alguma incerteza quanto à possibilidade de o Brasil continuar a atrair volumes tão vultosos.
Se a crise tiver desdobramentos traumáticos, que redundem em suspensão do crédito (como ocorreu no final de 2008) e quebras em série no setor corporativo mundial, o IED global poderá murchar de maneira dramática.
Mas, se a crise não se aprofundar a esse ponto, ainda deverá haver espaço para atrair grande volume de investimento -desde que as autoridades tenham competência para convencer o mercado de que a economia brasileira seguirá promissora e, na comparação com destinos preferenciais alternativos do IED (como China e Índia), atraente.

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