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A bagagem de Chalita

O deputado federal Gabriel Chalita (PMDB), que teve mais de 13% dos votos no primeiro turno das eleições de 2012 à Prefeitura de São Paulo, sempre destacou seu currículo acadêmico e administrativo.

Professor universitário e escritor, Chalita ostenta dois doutorados e mais de 60 livros publicados. Foi secretário de Juventude, Esporte e Lazer do Governo do Estado de São Paulo e ocupou, de 2002 a 2006, a secretaria estadual da Educação.

Sua passagem pelo último cargo suscita, agora, uma onda de suspeitas. São 11 os inquéritos em curso no Ministério Público estadual.

Essas duas faces se superpõem em alguns dos casos investigados: há, por exemplo, a denúncia de que o então secretário teria obtido de fornecedores do Estado a compra de livros de sua autoria.

O Sistema de Ensino COC atende cerca de 150 mil alunos em dezenas de municípios brasileiros. São nebulosos os motivos que teriam levado a organização -hoje parte do grupo britânico Pearson- a comprar 34 mil exemplares da obra "Pedagogia do Amor".

Segundo Roberto Grobman, que afirma ter sido assessor informal de Chalita na Secretaria da Educação, "os livros eram uma moeda de troca" entre o então secretário e o ex-dono do COC, Chaim Zaher.

Os depoimentos de Grobman são a base da investigação. Ganham verossimilhança quando se leem mensagens eletrônicas que teriam sido trocadas entre o autor da denúncia e Zaher. Nelas, combina-se o pagamento de reformas efetuadas num apartamento de Chalita. US$ 600 mil teriam sido gastos com o sistema de iluminação e entretenimento no imóvel do peemedebista. Grobman fala também em malas de dinheiro recebidas.

Como exemplo das vantagens obtidas em troca, cita-se o fornecimento de software educacional à secretaria por uma empresa de Zaher, que teria também conseguido nomear um indicado para o Conselho Estadual da Educação.

Chalita afirma ser vítima de "fabricação sistemática de dossiês". A alegação encontrou certo apoio na declaração de outro assessor da Secretaria da Educação, Milton Leme, de que recebera de Grobman a oferta de R$ 500 mil para confirmar as acusações contra o deputado.

Leme diz que a propina foi oferecida por enviados da campanha de José Serra (PSDB), candidato a prefeito em 2012. Os tucanos negam.

Compete agora ao Ministério Público avançar nas investigações e verificar, em definitivo, se o currículo intelectual do deputado pesará mais na sua biografia do que a bagagem, de outro conteúdo, que se acusa ter chegado a suas mãos.


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