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Opinião

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Mário Gobbi Filho

Portões fechados antes da hora

Os milhões de torcedores de bem do Corinthians não podem ser jogados na vala comum de uma ínfima minoria que não ama o clube

Nunca será demais repetir que o Corinthians lamenta profundamente a revoltante tragédia de Oruro. Repele essa e qualquer atitude violenta. Não aceita quaisquer agressões, sejam elas de qualquer natureza.

O Corinthians acredita que as autoridades bolivianas apurarão as responsabilidades pelo absurdo homicídio. Aguarda que o autor do crime receba o tratamento previsto em lei. Como qualquer interessado, acompanha a investigação. Nela não interfere.

É essencial separar a esfera desportiva da criminal. Na Bolívia, como em todo Estado de Direito, a responsabilidade criminal é subjetiva, restrita ao agente que, por meio de sua conduta, com dolo ou culpa, deu causa ao resultado.

Na seara desportiva, como se sabe, o Corinthians recebeu a punição de jogar com portões fechados. A punição insere-se em um contexto de uma grita por "punição exemplar". Respeitando as opiniões em contrário, o Corinthians discorda de tal punição.

O Corinthians discorda da punição primeiramente por ela atingir inocentes, o que jamais será um bom exemplo. Atingiu, inicialmente, o time de futebol, que terá evidente perda desportiva. E atingiu milhares de espectadores que se fariam presentes no estádio e não têm a menor relação com a tragédia -ao contrário, repudiam-na.

Não se está a falar em prejuízo financeiro. Os interessados serão ressarcidos. A punição, de fato, consiste em não permitir que inocentes tenham acesso ao jogo. Punição sem volta.

O Corinthians deseja externar que tem profunda reverência por sua gigante e apaixonada torcida. É o seu maior patrimônio, que já protagonizou espetáculos belíssimos.

Posicionamo-nos contrariamente à generalização. A punição deve incidir, sempre, sobre o autor de atos ilegais. Os milhões de torcedores de bem não podem ser jogados na vala comum de uma ínfima minoria que, repita-se, não "ama" verdadeiramente o clube.

O Corinthians discorda da punição também pelo fato de haver sido aplicada preventivamente, antes da apuração dos fatos e sem que pudesse se defender, em grave ofensa ao contraditório e à ampla defesa. A punição é irreversível. Futura absolvição será inócua.

E, por fim, o Corinthians avalia que a pena foi desproporcional à sua responsabilidade no caso. Ora, o clube não era o organizador da partida! Não patrocinou a viagem ou o ingresso dos apontados responsáveis -por mais que, sem conhecimento de causa e levianamente, alguns insistam em duvidar disso!

A punição, porém, está aí. E o Corinthians, em respeito a seus 30 milhões de inocentes torcedores e a seus parceiros comerciais, honra sua história suando a camisa.

O Corinthians só espera que esse súbito movimento de moralização do futebol não seja apenas um exemplo, mas passe a ser a regra.

Esperamos que o clube organizador da partida receba a merecida punição pelas graves falhas na segurança. Aliás, o Corinthians, em janeiro, já havia informado à Conmebol, formalmente, que o aeroporto de Oruro, indiscutivelmente, não atende às exigências do regulamento da Libertadores, solicitando a troca de sede. Naquela oportunidade, o regulamento foi ignorado...

Esperamos que todos os clubes cujos torcedores ingressem nos estádios com artefatos proibidos sejam igualmente punidos.

Esperamos, enfim, não servir de meros bodes expiatórios, apenas para que os organizadores do torneio aplaquem o clamor momentâneo e, depois, voltem a fechar os olhos para os incontáveis descumprimentos dos regulamentos disciplinares.


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