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Opinião

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Destino conhecido

São inúmeras e notórias as ameaças a que está exposto o Estado de Israel. Desde sua fundação, em 1948, o país se viu objeto de agressões reiteradas, do ponto de vista militar, por parte de seus vizinhos -e de atos sistemáticos de terrorismo em seu próprio território.

Traçar o histórico de todos esses ataques, bem como das reações (legítimas ou abusivas) que suscitaram, seria tarefa gigantesca e bem mais complexa do que a de registrar, simplesmente, a situação deplorável que, sob muitos aspectos, se cristalizou no país.

Sinal mais recente disso é a determinação das autoridades israelenses de implementar linhas de ônibus específicas para a população palestina. Nesta semana, dois veículos que faziam a ligação entre a Cisjordânia e Tel Aviv foram incendiados nas cercanias de um vilarejo árabe.

O protesto, prometido desde o anúncio do serviço, volta-se contra o caráter segregacionista da iniciativa. Ativistas de direitos humanos avaliam, com razão, que os ônibus exclusivos para trabalhadores palestinos representam um incremento na separação entre árabes e israelenses.

Trata-se de mais uma evidência daquele processo que tem seu maior símbolo na construção de um muro, com cerca de 700 km de extensão (a chamada barreira da separação), ao longo do território palestino ocupado (Cisjordânia e Jerusalém oriental).

Some-se a isso a humilhação cotidiana que representa, para os árabes que se deslocam na região, a obrigação de parar em diversas bases para inspeção de documentos e cargas, sob controle das forças de segurança israelenses.

Poderia ser diferente? A resposta não é fácil. Quando são reais as ameaças de ataque terrorista, pode-se entender que, ao contrário do que se espera de um regime legal democrático, qualquer indivíduo venha a ser considerado suspeito até prova em contrário.

Mas os preconceitos, a tensão e o ódio só se alimentam com isso -acompanhando-se, na hipótese extrema, de mais estímulo à violência e ao terrorismo.

Iniciativas de espírito oposto -visando a aumentar a cooperação e o entendimento cultural entre as duas populações- têm sido empreendidas por militantes de direitos humanos e pelas organizações que resistem à mentalidade de "falcão", mais agressiva, predominante na política de Israel.

Seria ingênuo esperar demais dos apelos à boa vontade quando o impasse territorial, religioso e militar é concreto. Mas é certo que esses ônibus, com seu lastro de segregação e ressentimento, não levam a lugar nenhum.


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