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Crédito oficial

Os resultados recentes da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil não deixam dúvidas sobre a disposição do governo de expandir a participação dessas instituições no mercado.

A CEF ampliou sua carteira de crédito em 39,5% nos últimos 12 meses, contra 19,6% na média das demais instituições. Os ativos do banco atingiram R$ 507 bilhões no terceiro trimestre e, se forem somados os recursos do FGTS e dos fundos de investimento, o total supera R$ 1 trilhão.

Por enquanto, a expansão se traduz em lucro. O da CEF atingiu

R$ 3,6 bilhões nos primeiros nove meses deste ano, alta de 47,6% em relação ao mesmo período do ano passado. A inadimplência também permanece estável, pouco abaixo de 2% do total da carteira. Já o BB lucrou R$ 9,1 bilhões, com alta de 19% nas mesmas bases de comparação.

A desaceleração recente da economia parece dar novo ímpeto aos bancos oficiais. Nos últimos meses, o volume de crédito público voltou a crescer mais rápido que o do setor privado -1,8% ao mês, em média, desde maio, contra apenas 0,8% no caso das instituições particulares.

O resultado é o aumento da participação desses bancos no mercado, que superou 42,5% do crédito total, 8 pontos acima do percentual que vigorava antes da crise de 2008.

Outro aspecto importante a observar é a ampliação da fatia do chamado crédito direcionado, isto é, com fins determinados por lei ou por decisão governamental, que já representa 35% do crédito total. Tal modalidade inclui, entre outros, o crédito habitacional (com recursos provenientes da poupança e do FGTS), os empréstimos rurais e os recursos do BNDES.

A expansão do crédito imobiliário é desejável num país onde essas operações não chegam a 5% do PIB, contra mais de 20% em outros emergentes e uma média superior a 50% em países desenvolvidos.

Mas, se esses empréstimos para aquisição de imóveis devem continuar a se expandir, não é conveniente que a parcela das instituições oficiais no total do crédito da economia continue crescendo.

É preciso promover o desenvolvimento de fontes privadas de financiamento de longo prazo, com menores custos financeiros para o conjunto da sociedade.

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