São Paulo, terça-feira, 01 de janeiro de 2008

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Vai parar

O CIDADÃO que trafega por São Paulo nestes dias de fim de ano se surpreende, numa breve sensação de alívio, com a melhora na situação do trânsito: é como se, de repente, a cidade ficasse mais fácil para circular, desfrutar, conviver.
Sabemos, entretanto, que esse alívio tem curta duração. Os congestionamentos em São Paulo não param de crescer, e o tema deixou de ser apenas motivo de mau humor ocasional para constituir-se num fator de inegável relevância, para a economia e para a qualidade de vida.
A frota de automóveis em São Paulo cresce assustadoramente. São 800 veículos novos por dia. A era das soluções paliativas está chegando ao fim, e os candidatos à sucessão municipal deste ano terão de fazer malabarismo para esquivar-se desse fato.
Já se cogitou de proibir o estacionamento na maior parte das ruas de São Paulo, liberando para a circulação as faixas hoje ocupadas pelos carros parados ali. É uma providência interessante, mas resultaria em ganhos para o setor privado -donos de estacionamento- sem vantagem comparável para a municipalidade.
O pedágio urbano se apresenta como uma proposta mais racional, ainda que possa parecer antipática politicamente. É melhor canalizar para a rede pública de transporte os recursos que cada cidadão teria a despender com estacionamentos particulares.
Não há solução indolor para uma cidade que possui, entre automóveis, motocicletas e ônibus, quase 6 milhões de veículos. São ainda recentes as lembranças da quantidade de críticas e estranhamentos despertados por ocasião da Lei Cidade Limpa. O projeto de despoluição visual da gestão Kassab suscitou ceticismo em muitos setores de opinião.
Uma vez tomada a decisão, seus efeitos puderam convencer, se não a totalidade, muitos de seus opositores.


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