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ELIANE CANTANHÊDE
Cerco a Washington
BRASÍLIA - Antes, a máxima de
Garrincha: "Já combinaram com os
russos?". Agora, a adaptação ao
Oriente Médio: "Já combinaram
com os americanos?".
O mundo clama pelo cessar-fogo
imediato na faixa de Gaza, onde Israel joga bombas e colhe crianças
mortas, às vésperas da posse de Barack Obama, em janeiro, e as eleições israelenses, em fevereiro.
A Liga Árabe se reúne, a Europa
cobra e o Brasil tenta se esgueirar
entre os grandes para também
pressionar por uma trégua que salve vidas já e crie o ambiente para
uma solução, digamos, sustentável.
E a ONU, o que faz?
Aparentemente, nada, ou nada de
concreto. Como disseram Lula,
Amorim e Marco Aurélio Garcia, os
EUA não deixam. Unha e carne com
Israel, onde tudo parece nascer,
crescer e dar frutos com dólares
norte-americanos públicos e privados, os EUA têm poder de veto. Como "têm lado", vetam a solução.
A pergunta que não quer calar é o
que muda a partir do dia 20, quando
Bush já vai tarde e a era Obama começa, com Hillary Clinton na política externa, mas cheia de interrogações. A questão do Oriente Médio
andou bem com Bill Clinton, e Hillary já disse, sob críticas, que a solução passa pela criação do Estado
Palestino. Uma ousadia. Falta saber
se, além de falar, ela terá apoio e força para alavancar.
O Brasil se esgoela contra a ONU,
os EUA e Israel, tentando articular
a liderança da França nas negociações, para "ampliar" ou "arejar" o
"Quarteto", núcleo com ONU, EUA,
UE e Rússia, que tenta sem sucesso
uma solução.
Mas o Brasil apita pouquíssimo
numa crise desse tamanho. O que o
mundo precisa, literal e pragmaticamente, é não apenas pressionar
mas combinar com os americanos.
Para onde Obama e eles forem, estará lá de fato a chance de solução.
Ou de recrudescimento.
O mundo fechou 2008 em crise e
em guerra. Um 2009 bem melhor!
elianec@uol.com.br
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