São Paulo, quinta-feira, 01 de janeiro de 2009

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ELIANE CANTANHÊDE

Cerco a Washington

BRASÍLIA - Antes, a máxima de Garrincha: "Já combinaram com os russos?". Agora, a adaptação ao Oriente Médio: "Já combinaram com os americanos?".
O mundo clama pelo cessar-fogo imediato na faixa de Gaza, onde Israel joga bombas e colhe crianças mortas, às vésperas da posse de Barack Obama, em janeiro, e as eleições israelenses, em fevereiro.
A Liga Árabe se reúne, a Europa cobra e o Brasil tenta se esgueirar entre os grandes para também pressionar por uma trégua que salve vidas já e crie o ambiente para uma solução, digamos, sustentável.
E a ONU, o que faz? Aparentemente, nada, ou nada de concreto. Como disseram Lula, Amorim e Marco Aurélio Garcia, os EUA não deixam. Unha e carne com Israel, onde tudo parece nascer, crescer e dar frutos com dólares norte-americanos públicos e privados, os EUA têm poder de veto. Como "têm lado", vetam a solução.
A pergunta que não quer calar é o que muda a partir do dia 20, quando Bush já vai tarde e a era Obama começa, com Hillary Clinton na política externa, mas cheia de interrogações. A questão do Oriente Médio andou bem com Bill Clinton, e Hillary já disse, sob críticas, que a solução passa pela criação do Estado Palestino. Uma ousadia. Falta saber se, além de falar, ela terá apoio e força para alavancar.
O Brasil se esgoela contra a ONU, os EUA e Israel, tentando articular a liderança da França nas negociações, para "ampliar" ou "arejar" o "Quarteto", núcleo com ONU, EUA, UE e Rússia, que tenta sem sucesso uma solução.
Mas o Brasil apita pouquíssimo numa crise desse tamanho. O que o mundo precisa, literal e pragmaticamente, é não apenas pressionar mas combinar com os americanos.
Para onde Obama e eles forem, estará lá de fato a chance de solução.
Ou de recrudescimento.

 

O mundo fechou 2008 em crise e em guerra. Um 2009 bem melhor!

elianec@uol.com.br



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