|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
KENNETH MAXWELL
2009: O ano
que nos aguarda
2009 SERÁ UM ano repleto de
dificuldades. O colapso financeiro mundial tem papel central. Não se trata apenas do que já
sabemos sobre os múltiplos esquemas para enriquecer rapidamente,
expostos a cada dia, mas também
daquilo que não sabemos sobre as
manipulações do mercado financeiro por pessoas que imaginavam
saber mais do que as demais, usaram o sistema em benefício próprio e realizaram imensos lucros.
Pelo menos até que o edifício todo
desabasse sobre elas. Assim, uma
coisa é certa sobre 2009: será um
período de recomposição -como
sempre, doloroso e difícil.
2009 também verá a posse de um
novo presidente nos Estados Unidos. Não se trata do melhor momento possível para assumir a Presidência dos Estados Unidos, mas a
posse de Barack Obama significa
que teremos um homem jovem e
ponderado na Casa Branca, e ele se
cercou de assessores experientes.
As dificuldades que enfrentará serão enormes, mas previsíveis: problemas econômicos e desemprego;
inadimplências continuadas relacionadas à crise hipotecária; pobreza crescente; as guerras no Iraque e no Afeganistão; e agora a crise na Palestina. Mas ele também
traz consigo grandes expectativas e
um amplo consenso nacional. A
maneira pela qual administrará
e conciliará esses interesses concorrentes formará um dos dramas
de 2009.
O novo ano verá crescente independência na América Latina. A
velha conexão entre América Latina e Estados Unidos se dissolveu. O
Brasil assumirá um claro papel de
liderança na América do Sul. De
certa forma, já o fez, mas a abordagem brasileira quanto ao exercício
do poder político do país é discreta.
De fato, o Brasil sempre definiu sua
posição como a de intermediário
entre seus vizinhos e o mundo
mais amplo. A Presidência de Luiz
Inácio Lula da Silva deu novo passo
quanto a isso ao promover o desenvolvimento de elos com a África e a
Ásia, mas retendo as conexões europeias e norte-americanas do
país.
As condições sociais também terão posição de destaque na agenda.
É inevitável que esse continue a ser
o caso, mas não é inevitável que alguma coisa seja feita para combater a pobreza na qual milhões de
brasileiros vivem. No entanto, Lula
tentou confrontar os elementos
mais grotescos da estrutura social
muito desigual de seu país. Como
resultado, manteve sua forte popularidade com o público mais amplo.
2009 verá a questão da sucessão
presidencial conquistar destaque
na agenda, e Lula continua a ser o
principal protagonista. Será um
ano difícil para o Brasil financeiramente, como para o resto do mundo. Mas também será um ano de
esperança no cenário político.
KENNETH MAXWELL escreve às quintas-feiras
nesta coluna.
Texto Anterior: Rio de Janeiro - Carlos Heitor Cony: Divagações espaciais Próximo Texto: Frases
Índice
|