São Paulo, terça-feira, 01 de fevereiro de 2011

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FERNANDO DE BARROS E SILVA

Sinal amarelo

SÃO PAULO - Janeiro chegou ao fim. A temporada de chuvas ainda não. O mês que passou, no entanto, já foi suficiente para deixar São Paulo mais uma vez diante do espelho. A cidade voltou a afundar.
O saldo é tão desalentador quanto previsível -fruto daquilo tudo que se sabe: ausência de planejamento, ações estratégicas pífias ou insuficientes, nenhum sentido de urgência, descaso com os serviços de manutenção -mesmo os mais comezinhos- contra as enchentes.
Em meio a tantas negligências acumuladas, além das vítimas, dos pontos de alagamento (127 no pior dia) e dos transtornos de praxe, este janeiro chuvoso ficará marcado pelo agravamento de dois problemas: as árvores que despencaram e os semáforos que pifaram em série.
Caíram nas ruas paulistanas (ou sobre os carros) cerca de 600 árvores no último mês -média sinistra de 20 por dia. Mantido esse padrão, a prefeitura de Gilberto Kassab ainda vai conseguir ser autuada pelo Ibama, por desmatamento...
Não é menos dramática a situação dos semáforos: 600 deles entraram em colapso num único dia e cerca de 200 permaneciam fora do ar cinco dias depois, no meio da semana passada. 1, 2, 3, 4, 5, 6... comece a contar e imagine o que isso significa. Todos vimos recentemente vários deles piscando ou apagados, em cruzamentos estratégicos.
Veja que situação: a CET aplica mais de 500 mil multas por mês na capital. A prefeitura estima arrecadar em 2011 algo como R$ 600 milhões só com multas. E, no entanto, os semáforos não funcionam. Dos 6.000 existentes da cidade, quase metade (2.781) teve algum problema em janeiro. Alguém explica?
Num quadro como esse, o prefeito ainda parece dedicar o melhor de sua energia às articulações partidárias, entretido com seu futuro político: PMDB ou DEM, Dilma ou Serra? Deveria olhar um pouco para o presente à sua volta. Em cada esquina paulistana há luzes amarelas piscando. Elas talvez digam algo sobre o que lhe reserva o porvir.


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