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UM NOVO CONGRESSO
A nova legislatura federal começa
hoje sob o signo da continuidade,
tanto da correlação de forças políticas quanto, talvez e infelizmente, de
suas limitações e vícios. Houve votação para apenas um terço das cadeiras do Senado; na Câmara dos Deputados, a taxa de renovação (45%) foi a
mais baixa dos anos 90. Nem o Executivo nem a opinião pública, portanto, devem contar com surpresas,
na ação do Congresso.
O bloco de sustentação do governo
FHC na Câmara perdeu 15 parlamentares na eleição de outubro; no Senado, um. Ainda dispõe, entretanto, de
maioria suficiente -ao menos teoricamente- para aprovar até mesmo
emendas constitucionais, como de
resto já vinha ocorrendo, por vezes,
no primeiro governo.
Toda a apreensão reside no fato de
que o exercício dessa maioria tem
custado caro ao país. O apoio da base
de sustentação fernandista, que deveria ser próximo do automático ao
menos naquelas votações de itens
programaticamente aceitos pela coalizão, permanece sendo objeto de
uma nefasta negociação.
De momento, com a grave turbulência financeira e econômica, esse
apetite fisiológico parece algo refreado, como tem sido demonstrado na
forma expedita com que o Congresso
votou as medidas recentes de ajuste
fiscal. É de esperar que assim continue. Um mínimo de realismo, porém, sugere que o mercadejo voltará,
tão logo a crise amaine.
Se não quiser entrar para a história
do Brasil como mais uma legislatura
apassivada pelos favores presidenciais, com efeito desastroso para as
contas públicas, o Congresso precisa
reformular-se. Para estar à altura do
momento grave que se atravessa,
precisa retomar a iniciativa legislativa, contra-arrestando o império das
medidas provisórias.
É o que o Legislativo necessita fazer: transformar-se, enfim, em uma
usina de idéias, debates e leis -e não
de escândalos, manobras e negociatas, como na imagem que a maioria
da população faz hoje dele.
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