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TENDÊNCIAS/DEBATES
Data comemorativa
LUIZ BARRETTO
No Dia Nacional do Turismo, comemorado amanhã, o país tem o que comemorar, como o aumento de 20%
no fluxo turístico interno
NA CHINA, para expressar a
ideia de crise, são necessários
dois ideogramas: um significa
perigo, e o outro, oportunidade. Esse
conceito milenar atravessou fronteiras e conquistou o Ocidente.
Aqui,
foi incorporado ao mundo dos negócios, batizou livros e virou até lugar-comum. Nunca, porém, uma imagem
serviu tanto ao turismo brasileiro
como agora. Neste Dia Nacional do
Turismo, celebrado amanhã, 2 de
março, o país tem motivos para comemorar. Dados preliminares de segmentos que compõem o setor apontam para o aumento de 20% no fluxo
turístico interno no verão 2008/2009
em relação à temporada anterior.
As operadoras de turismo venderam 15% mais pacotes de viagem em
dezembro e janeiro últimos em relação ao mesmo período de 2007 e de
2008. A locação de veículos para lazer
cresceu, em média, 40% -em Fortaleza e em Salvador, o aluguel de carros
dobrou. Nas palavras do presidente
do Conselho Nacional da Associação
Brasileira de Locadoras de Automóveis, José Adriano Donzelli, "foi o
melhor verão dos últimos dez anos".
Em janeiro de 2009, o número de
passageiros em voos nacionais cresceu em média 10% em relação ao
mesmo mês de 2008. No dia 4 de janeiro, a TAM registrou recorde histórico no transporte de passageiros:
112,5 mil pessoas. O recorde anterior
havia sido registrado na Páscoa de
2008, quando 100 mil passageiros foram transportados em um único dia.
Os números da rede hoteleira também reforçam essa tendência. Em São
Paulo, a ocupação cresceu 5% em janeiro em relação ao primeiro mês de
2008. Dois dias antes do início do
Carnaval, a ocupação dos hotéis do
Rio de Janeiro chegou a 82%, índice
maior do que o registrado no ano passado.
Em Salvador, a ocupação aumentou 5% antes de a festa começar.
Os cruzeiros marítimos cresceram
25% na comparação com o verão
2007/2008. Até o final desta temporada, em abril, 500 mil passageiros terão viajado pelos cruzeiros que percorrem 24 destinos na costa brasileira. Na temporada passada, foram 396
mil passageiros em 18 destinos.
O câmbio foi um dos fatores que
contribuíram para o incremento do
turismo doméstico neste verão. A
valorização do dólar fez com que os
brasileiros viajassem pelo país.
O gasto dos viajantes nacionais no exterior
caiu 23,8% quando comparados os
meses de janeiro de 2009 e de janeiro
de 2008, segundo o Banco Central.
Embora a entrada de dólares gerados pelo turismo também tenha caído
quando se comparam os dois meses,
em 2008 o crescimento do gasto do
turista estrangeiro no Brasil foi de
16,8%, de acordo com o último Barômetro do Turismo Mundial, divulgado em janeiro pela OMT (Organização Mundial do Turismo). O crescimento médio mundial foi de 2%.
A publicação também afirma que
em 2009 as viagens para destinos domésticos ou mais próximos do país de
origem devem prevalecer sobre as de
longa distância. Com menos dinheiro
no bolso, os turistas se divertirão perto de casa. Essa sinalização fortalece
os investimentos do Ministério do
Turismo na diversificação de roteiros
e na promoção do Brasil no próprio
país e nos vizinhos sul-americanos.
Em novembro, já prevendo o aumento no fluxo turístico interno, antecipamos o lançamento da campanha "Se você é brasileiro, está na hora
de conhecer o Brasil", que ficou no ar
até o Carnaval. Em 2009, promoveremos ações pontuais antes de cada feriado nacional para estimular os brasileiros a conhecerem o próprio país.
O governo federal tem um conjunto
de políticas de fortalecimento do setor, desenvolvidas e progressivamente ampliadas desde 2003, quando a
pasta foi criada. Um bom exemplo
disso é o programa Viaja Mais Melhor
Idade, que ajuda a manter o fluxo
turístico nos períodos de baixa ocupação.
Criado há dois anos, o programa encerrou 2008 com 180 mil pacotes vendidos, sendo que a meta inicial
era comercializar 50 mil pacotes para
aposentados e brasileiros com mais
de 60 anos de idade.
É certo, contudo, que sem o trabalho integrado entre a esfera pública e
a cadeia produtiva do turismo seria
impossível superar os entraves e
impulsionar o turismo no país. Os desafios ainda são muitos. Até 2014, o
Brasil terá que investir em infraestrutura, qualificação e capacitação profissional nas capitais que vão receber
os jogos da Copa do Mundo.
No próximo dia 20, a Fifa anuncia
as 12 cidades-sedes. O governo federal já está comprometido com um
programa de ações que levará a elas
os investimentos necessários. O
caminho é longo, mas o bom desempenho alcançado até agora nos incentiva a seguir em frente.
LUIZ BARRETTO , 46, sociólogo, é ministro do Turismo.
Foi secretário-executivo do ministério, de março de 2007
a junho de 2008, e gerente nacional de marketing e comunicação do Sebrae Nacional.
Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo. debates@uol.com.br
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