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LUCIANO MENDES DE ALMEIDA
As luzes do amanhecer
Atravessamos uma fase cinzenta de nossa história. Nunca se pode perder a esperança, pois confiamos
em Deus e na conversão das pessoas.
Todos podem emendar a própria conduta e assumir o cumprimento de
seus deveres.
No entanto há situações que precisam ser, o quanto antes, enfrentadas e
superadas para o bem de nosso povo.
Percebe-se uma atmosfera pesada,
resultado de vários fatores que interferem no noticiário cotidiano, causando
apreensões e tristezas. Permanecem
constantes os casos de agressões e violência, assaltos, rebeliões nos presídios, tiroteio nos morros, tráfico de
drogas, rivalidade entre quadrilhas. O
desemprego continua a martirizar
parte crescente de nossa população.
Uma inflação escondida atinge alimentos, remédios, gás e, em especial,
a energia elétrica. Não podemos nos
habituar com o enredo de denúncias e
acusações que, nos últimos meses,
marcam o cenário nacional, corroendo a estima e o respeito do povo pelos
membros do governo.
Diante desse e de outros fatos, temos
que aprender a ver a realidade com
objetividade, constatando os aspectos
positivos, as conquistas democráticas,
a maior participação dos cidadãos na
vida política, as organizações da sociedade civil e o testemunho de dedicação ao bem comum de muitos representantes do povo. Há algumas atitudes que contribuem para superar a atmosfera pesada de nossos dias.
A primeira é uma reflexão séria sobre os valores prioritários a promover.
Não é justo colocar o lucro e vantagens econômicas de grupos causadores de desigualdades sociais acima do
bem-estar da população mais pobre.
O sistema capitalista neoliberal precisa dar lugar a um novo modelo que
vença o drama da exclusão e crie condições de justiça social e de convivência fraterna entre os cidadãos.
Precisamos incrementar as iniciativas em curso para auxiliar o povo a ter
acesso ao trabalho, com cursos profissionalizantes, cooperativas, incentivo
a hortas comunitárias, recuperação de
estradas e outros. É certo que programas governamentais vieram facilitar a
vida dos mais pobres, como é o caso
do Bolsa-Família, unido ao esforço
educativo. Temos que promover com
urgência a abertura de novas possibilidades de emprego na cidade e ter a
vontade política de acelerar as medidas de reforma agrária e de auxílio técnico à população rural.
Há decisões que, a curto prazo, são
esperadas pelo povo. É o caso de rever
o custo da energia elétrica domiciliar,
que aumentou descontroladamente
nos últimos meses, principalmente no
Estado de Minas Gerais. A mesma
consideração vale para o preço do botijão de gás e de remédios indispensáveis.
Mas, além das medidas voltadas para as condições de sobrevivência e
bem-estar da população mais sofrida,
temos o dever de restabelecer o clima
de confiança nos representantes do
povo. A verdade da corrupção deve
ser conhecida, e os erros, corrigidos
pela Justiça. Para isso é necessário que
a opinião pública não condene precipitadamente pessoas sem a devida
comprovação de sua responsabilidade. No entanto precisamos evitar a
impressão de que todos têm o mesmo
procedimento, quando há, graças a
Deus, muitos que se dedicam exemplarmente à causa pública.
Todos podemos cooperar pela prece
e pelo empenho pessoal para que, no
horizonte cinzento, surjam, cada vez
mais fortes, as luzes do amanhecer.
Dom Luciano Mendes de Almeida escreve aos
sábados nesta coluna.
@ - almendescuria@yahoo.com.br
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