São Paulo, terça-feira, 01 de abril de 2008

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Caciquismo tucano

NÃO É apenas na opinião pública que vai diminuindo a tolerância ao caciquismo na política. A pesquisa Datafolha publicada no domingo, acerca da disputa para a Prefeitura de São Paulo, mostrou que a fidelidade partidária é um valor disseminado na sociedade.
A certa altura do questionário, o pesquisador perguntava ao entrevistado qual seria a melhor decisão para o governador José Serra: apoiar Geraldo Alckmin, seu correligionário do PSDB, ou o prefeito Gilberto Kassab (DEM), vice do próprio Serra na chapa que venceu a eleição municipal de 2004? Seis em cada dez eleitores consultados escolheram a primeira opção.
A proporção cresce quanto mais jovem é o eleitor -na faixa de 16 a 24 anos, chega a 68%. Fica acima da média no largo espectro de renda familiar até dez salários mínimos, que abrange quase 70% da amostra, e só cai no segmento de renda acima desse patamar.
Enquanto o eleitorado se mostra francamente favorável à disciplina partidária, o PSDB se entrega a uma guerra interna sem precedentes, com vistas à eleição paulistana. Na polarização cerrada entre os grupos de dois caciques -Serra e Alckmin-, sacrifica-se a idéia de partido que se consolida no eleitorado. Não existe um controle partidário capaz de submeter e mediar o interesse das lideranças em conflito.
O caminho seria simples, baseado em duas perguntas: o PSDB deve ter candidatura própria à prefeitura paulistana? Quem deve ser o postulante do partido, seja em caso de vôo solo, seja numa aliança? Mas o partido que se gaba de ser moderno e reformista cultiva internamente um modo arcaico, desgastado, de fazer política.


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