São Paulo, quinta-feira, 01 de abril de 2010

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Cerco às Farc

NÃO DEIXA de ter um caráter simbólico a libertação, após 12 anos e três meses de cativeiro, de um dos mais antigos reféns das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), realizada na terça-feira.
É inegável o enfraquecimento da narcoguerrilha, que há muito abandonou a aspiração ideológica de transformar o país vizinho em uma ditadura comunista e vê se esgotarem suas opções políticas e militares.
Seu gradual desmonte deve-se ao enérgico combate determinado pelo presidente Álvaro Uribe. Estima-se que o contingente das Farc, que chegou a somar mais de 20 mil homens e mulheres, tenha sido reduzido à metade. O grupo, que já controlou porções extensas e contínuas do território colombiano, hoje se encontra disperso. Banidos das grandes cidades, seus efetivos refugiam-se em áreas isoladas da floresta.
A liberação unilateral do sargento Pablo Emilio Moncayo, 32, capturado quando tinha 19 anos durante ataque a uma base militar, bem como de outro refém, no domingo, faz parte da estratégia adotada pelas Farc de buscar apoio na opinião pública para sua proposta de troca negociada de prisioneiros com o governo.
Ainda estão em poder da guerrilha 21 reféns militares -além de centenas de civis, sobre os quais não há estimativa precisa. A organização propõe ao governo a troca dos militares por cerca de 500 guerrilheiros presos.
Apesar dos notáveis avanços das forças governamentais, algum tipo de negociação para a soltura de todos os reféns poderá ocorrer no futuro. Mesmo porque impor uma derrota militar plena às Farc sempre esbarrará nas dificuldades de eliminar o tráfico de drogas e exercer controle sobre áreas de selva nas remotas fronteiras do país -que oferecem recursos e abrigo aos guerrilheiros.


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