São Paulo, sexta-feira, 01 de abril de 2011

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Editoriais

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A USP reage

Após forte repercussão negativa da notícia de que parcela crescente de alunos aprovados no vestibular estava abrindo mão de vagas conquistadas na Universidade de São Paulo (USP), a instituição começa a sair da letargia. Seu Conselho de Graduação aprovou ontem uma nova norma sobre os chamados "treineiros", alunos de ensino médio que fazem o vestibular só para testar seu desempenho na prova.
Com as brechas deixadas pelo sistema anterior, treineiros ditos "piratas", alunos de ensino médio sem os requisitos para matricular-se na USP, inscreviam-se no vestibular como se já os possuíssem. Assim agiam, supõe-se, para avaliar o próprio desempenho contra os de candidatos reais, e não contra os de outros treineiros.
Convocados, não compareciam. Isso inflava as estatísticas sobre desistências, em prejuízo dos candidatos de fato interessados em vagas na universidade responsável por mais de um quinto da produção científica nacional.
Uma versão preliminar dos dados sobre as desistências indicava que quase um quarto dos convocados na primeira chamada do vestibular deixava de efetuar matrícula. Um número alarmante, como se anotou neste espaço.
Em seguida a cifra foi corrigida, com expurgo dos treineiros piratas. A proporção de desistências caiu de modo considerável, para 16,4% -ainda assim, um número digno de nota. Mais importante: ele confirma uma tendência de alta desde o ano de 2005, quando 10% deixavam de matricular-se.
A mudança aprovada ontem tenta corrigir as distorções. Persiste, porém, o fato incômodo de que um sexto dos aprovados na USP desdenha a vaga obtida.
Podem-se aventar razões benignas para o fenômeno, como a preferência por cursos mais próximos do local de moradia ou trabalho dos estudantes, agora que o acesso a faculdades privadas foi facilitado por bolsas do ProUni. Mas também é possível que a USP esteja enfrentando concorrência de outras universidades, particulares ou federais, no terreno da própria qualidade acadêmica.
A USP precisa agir com flexibilidade e inventividade para adaptar-se à nova situação. Tapar a brecha para a distorção dos treineiros piratas é só o começo.


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