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MEDIAÇÃO DESGASTADA
O governo de Israel diz que o
presidente da Autoridade Nacional Palestina, Iasser Arafat, está livre para deixar o seu quartel-general
em Ramallah (Cisjordânia), onde,
em janeiro, foi confinado por um
cerco militar israelense. O ato, somado ao fato de que terminou a primeira fase da incursão do Exército israelense nos territórios palestinos, poderia denotar que se forma cenário
favorável à retomada das negociações entre palestinos e israelenses.
Infelizmente, há motivos para ceticismo a respeito dessa hipótese.
O principal deles se refere ao desgaste do poder de mediação do governo dos Estados Unidos. Depositaram-se muitas esperanças na recente
viagem do secretário de Estado norte-americano, Colin Powell, ao
Oriente Médio. O tamanho das expectativas foi proporcional ao da decepção pelo fracasso da missão em
seu objetivo primordial: o de promover um cessar-fogo imediato.
O primeiro-ministro Ariel Sharon
não se intimidou com a chegada de
Powell. Mesmo tendo o alto funcionário de Washington obtido de Arafat uma condenação -genérica, é
verdade- da via terrorista, o Exército de Israel continuou a sufocar localidades palestinas e só se retirou uma
vez considerada "cumprida" a primeira fase da operação militar. O saldo foi de centenas de palestinos mortos e milhares de feridos, sem contar
os imensos prejuízos materiais.
O presidente Bush insiste para que
os dois lados tracem uma agenda de
negociações. No entanto vai demorar muito para que os americanos se
refaçam da perda de credibilidade
que sua função mediadora sofreu
nas últimas semanas. A revelação de
planos para uma ataque militar americano, já em 2003, com o objetivo de
depor o ditador iraquiano, Saddam
Hussein, é mais um complicador. É
difícil harmonizar, na complexa geopolítica do Oriente Médio, uma ação
para estabelecer a paz com outra para despejar bombas.
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