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CARLOS HEITOR CONY
A falência dos Estados
RIO DE JANEIRO - Andei fuçando alguns estudos sobre o controle de vôo
dos aviões, num cenário cada vez mais complexo, com aparelhos super-sofisticados, cuja qualidade cresce
geometricamente, mas com o apoio
em terra gradualmente deficitário,
com equipamentos que crescem em
escala aritmética.
A conclusão a que se chega é que os
Estados, mesmo os mais poderosos,
em breve serão impotentes para dominar o tráfego com a mesma segurança e eficiência com que a tecnologia avança. A soberania dos espaços
aéreos, que cria problemas delicados
sobretudo no continente europeu,
não pode continuar como está, obrigando a desvios, a horários, a escalas
absurdas, sem contar a pesada burocracia que envolve os planos de vôo
de cada companhia, de cada rota, de
cada aparelho isoladamente.
O mundo ficou um só, em muitos
sentidos. Sobretudo no que diz respeito às comunicações de maneira
geral, nelas incluindo a comunicação
pessoal e física que nos transporta de
um lugar para outro.
Cada país, invocando sua soberania, sua segurança e seus interesses
militares, econômicos e históricos, estabelece normas absurdas que, umas
pelas outras, prejudicam a racionabilidade e a eficiência do transporte aéreo, encarecendo-o por um lado e tornando-o vulnerável por outro. A solução, segundo depreendi, retira dos
Estados mais um naco de sua independência, submetendo-os a uma rotina transnacional mais rápida, segura e barata, sobretudo no que diz
respeito ao consumo de combustível,
um dos itens mais estratégicos da
operação em si.
E, como subproduto de tudo isso,
refleti sobre a falência dos Estados em
geral, e não apenas no setor do tráfego aéreo. As barreiras nacionais seriam ainda o prolongamento das
muralhas medievais, cercadas por
fossos?
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