São Paulo, quinta-feira, 01 de maio de 2008

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KENNETH MAXWELL

A tristeza do 1º de Maio

O DIA do Trabalho é uma daquelas estranhas desconexões entre os Estados Unidos e o resto do mundo. Enquanto o resto do planeta desfruta do feriado, os norte-americanos teimosamente persistem em trabalhar. Curiosamente, foi o movimento trabalhista dos Estados Unidos em seus primeiros anos, ao protestar contra as longas jornadas de trabalho características do século 19, que investiu o 1º de Maio de seu significado moderno como dia dos direitos dos trabalhadores.
No século 20, o Dia do Trabalho foi cooptado pelos regimes comunistas da União Soviética e da China, que fizeram do feriado uma ocasião para exibir seu poderio militar, com vastos desfiles de soldados e armamentos.
O 1º de Maio é um feriado muito antigo, cujas origens remontam ao paganismo. Os romanos o chamavam de "dia das flores". Nas aldeias da Inglaterra rural, a tradição local do May Pole ainda persistia em minha infância. Os moradores mais velhos ainda se lembravam do poste de madeira montado na praça central da aldeia e enfeitado com fitas coloridas; as crianças cantavam e dançavam em torno dele.
Os puritanos ingleses do século 17, nem seria preciso dizer, reprovavam a festa de 1º de Maio. Em companhia dos anticomunistas norte-americanos do século 20, eles merecem parte da culpa pela repressão à festa na América do Norte. Os puritanos proibiram a festa de 1º de Maio em 1644, durante a guerra civil inglesa. Os puritanos que colonizaram a Nova Inglaterra seguiram-lhes o exemplo.
Mas, quando a monarquia Stuart foi restaurada na Inglaterra, em 1660, o May Pole voltou com ela.
O May Pole, de fato, era um símbolo fálico bastante apropriado para o "jovial" rei Carlos 2º. Como alguns astros do futebol brasileiro, ele não conseguia manter as calças fechadas por muito tempo. No entanto, não se poderia alegar que o rei Carlos 2º tenha algum dia confundido uma mulher com um travesti. Suas muitas amantes se tornaram as mães "fundadoras" de diversas das grandes famílias aristocráticas inglesas.
A mulher de Carlos 2º era a sofrida princesa portuguesa Catarina de Bragança. A união havia propiciado um grande dote ao monarca inglês, bem como as cidades de Tânger e Bombaim (hoje Mumbai).
O distrito de Queens, uma das cinco subdivisões da cidade de Nova York, leva esse nome em homenagem a Catarina de Bragança. Isso talvez ajude a explicar porque ela está quase esquecida especialmente em Queens.


KENNETH MAXWELL escreve às quintas-feiras nesta coluna.
Tradução de PAULO MIGLIACCI


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