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KENNETH MAXWELL
A tristeza do 1º de Maio
O DIA do Trabalho é uma daquelas estranhas desconexões entre os Estados Unidos e o resto do mundo. Enquanto
o resto do planeta desfruta do feriado, os norte-americanos teimosamente persistem em trabalhar.
Curiosamente, foi o movimento
trabalhista dos Estados Unidos em
seus primeiros anos, ao protestar
contra as longas jornadas de trabalho características do século 19,
que investiu o 1º de Maio de seu
significado moderno como dia dos
direitos dos trabalhadores.
No século 20, o Dia do Trabalho
foi cooptado pelos regimes comunistas da União Soviética e da China, que fizeram do feriado uma
ocasião para exibir seu poderio militar, com vastos desfiles de soldados e armamentos.
O 1º de Maio é um feriado muito
antigo, cujas origens remontam ao
paganismo. Os romanos o chamavam de "dia das flores". Nas aldeias
da Inglaterra rural, a tradição local
do May Pole ainda persistia em minha infância. Os moradores mais
velhos ainda se lembravam do poste de madeira montado na praça
central da aldeia e enfeitado com
fitas coloridas; as crianças cantavam e dançavam em torno dele.
Os puritanos ingleses do século
17, nem seria preciso dizer, reprovavam a festa de 1º de Maio. Em
companhia dos anticomunistas
norte-americanos do século 20,
eles merecem parte da culpa pela
repressão à festa na América do
Norte. Os puritanos proibiram a
festa de 1º de Maio em 1644, durante a guerra civil inglesa. Os puritanos que colonizaram a Nova Inglaterra seguiram-lhes o exemplo.
Mas, quando a monarquia Stuart
foi restaurada na Inglaterra, em
1660, o May Pole voltou com ela.
O May Pole, de fato, era um símbolo fálico bastante apropriado para o "jovial" rei Carlos 2º. Como alguns astros do futebol brasileiro,
ele não conseguia manter as calças
fechadas por muito tempo. No entanto, não se poderia alegar que o
rei Carlos 2º tenha algum dia confundido uma mulher com um travesti. Suas muitas amantes se tornaram as mães "fundadoras" de diversas das grandes famílias aristocráticas inglesas.
A mulher de Carlos 2º era a sofrida princesa portuguesa Catarina
de Bragança. A união havia propiciado um grande dote ao monarca
inglês, bem como as cidades de
Tânger e Bombaim (hoje Mumbai).
O distrito de Queens, uma das
cinco subdivisões da cidade de Nova York, leva esse nome em homenagem a Catarina de Bragança.
Isso talvez ajude a explicar porque ela está quase esquecida especialmente em Queens.
KENNETH MAXWELL escreve às quintas-feiras
nesta coluna.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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